A França anunciou, neste sábado, 12, um acordo amplo e difícil de ser cumprido, com o objetivo de conceder mais autonomia ao território da Nova Caledônia, no Pacífico Sul, mas sem chegar à independência almejada por muitos indígenas Kanaks.
O acordo - saudado pelo presidente Emmanuel Macron como "histórico" - ainda precisa de aprovação final na Nova Caledônia, um arquipélago rico em níquel a leste da Austrália e nove horas a frente de Paris. A proposta deverá ser votada pelos habitantes da região em fevereiro.
A ideia é criar um "Estado da Caledônia" - dentro da república francesa e inscrito na constituição francesa - e uma "nacionalidade caledoniana" ao lado da nacionalidade francesa, de acordo com informações da agência de notícias Associated Press.
Tumultos em negociações anteriores
O acordo foi alcançado após 10 dias de negociações - incluindo uma maratona final durante a noite - com representantes do governo central e de ambos os lados da questão da independência. As negociações resultaram de tumultos mortais no ano passado, provocados por mudanças propostas nas regras eleitorais que, segundo grupos pró-independência, marginalizariam os eleitores indígenas.
O acordo ajudará a "sair da espiral de violência", disse Emmanuel Tjibaou, um legislador Kanak que participou das conversações. Ele e outros negociadores anunciaram a proposta em um salão dourado na noite de sábado no palácio presidencial Elysee, em Paris.
Ele descreveu um "caminho difícil" pela frente, mas que permitiria que os Kanaks e outros caledônios avançassem juntos como "nós" em vez de divididos.
Aqueles que buscam manter a Nova Caledônia firmemente na França saudaram o acordo. O legislador Nicolas Metzdorf chamou-o de um compromisso nascido de um "diálogo exigente" e descreveu a nacionalidade caledônia como uma "concessão real".
Nome, hino e bandeira podem mudar
Um congresso especial será realizado para finalizar os próximos passos, que podem incluir mais soberania para a Nova Caledônia em questões de assuntos internacionais, segurança e justiça, de acordo com trechos publicados pela emissora pública da região. O acordo também poderá permitir que os habitantes da Nova Caledônia mudem o nome, a bandeira e o hino do território.
Os participantes enfatizaram a importância de reabilitar e diversificar a economia endividada do território, que depende muito da mineração de níquel, e torná-la menos dependente da França.
Os franceses colonizaram o arquipélago do Pacífico na década de 1850 e ele se tornou um território ultramarino após a Segunda Guerra Mundial, com a cidadania francesa concedida a todos os Kanaks em 1957.
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