Empresa classificou o fumo como sendo de qualidade inferior para pagar mais barato pelo produto
A seca no começo do ano, e a chuva em excesso no mês de maio, fez com que os produtores não tivessem uma boa colheita do tabaco na safra deste ano. Além da quantidade ter sido menor, quando chegou a hora de negociar, a Companhia se recusou pagar pelo valor tabelado, e classificou o produto com sendo inferior, e então pagou um valor menor.
Sem conseguir cobrar seus direitos diretamente com a empresa, os agricultores recorreram ao Sindicato dos Produtores Rurais de Canoinhas para pedir auxílio. O presidente sindical Edmilson Verka, explica que o preço acordado na tabela é bom, o problema é que elas não seguiram a classe correta do produto, prejudicando os produtores.
"Se você leva para negociar o fumo do tipo 1, eles querem pagar como se fosse o tipo 2 ou 3, e ainda dão mais alguns descontos. Um dia eu levei um produto de primeira, era fumo bom, e vendi pelo preço certo da tabela. Uma semana depois, eu levei o mesmo produto e eles pagaram R$ 4 reais a menos. Eles classificam conforme o dia, não seguem o combinado", reclama o produtor Lucio Figura, da localidade de Valinhos.
Para fomentar o assunto, foram realizadas duas reuniões. A primeira foi uma Assembleia Geral no dia 28 de junho, em que mais de 600 produtores rurais estiveram reivindicando. Deste encontro, o presidente do Sindicato, que também atua como vereador, encaminhou os requerimentos nº 588/2019 e nº 589/2019, por meio da Câmara Municipal, solicitando à Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc), e à Federação da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina (Faesc), para que seja disponibilizado um técnico para auxiliar os produtores na venda.
"Para acompanhar e se necessário conferir se a classificação indicada pelo comprador da empresa fumageira está correta, durante a comercialização de tabaco pelos produtores do município de Canoinhas, pois este ano o valor pago aos produtores foi bem abaixo do preço de custo de produção. A disponibilização de um técnico irá garantir que o produtor não seja prejudicado na hora da compra", justifica Verka.
No dia 24 de julho, o consultor jurídico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Thiago Moreira de Carvalho, esteve explanando para os produtores de tabaco de Canoinhas, Bela Vista do Toldo e Irineópolis sobre a Comissão para Acompanhamento, Desenvolvimento e Conciliação da Integração (Cadec).
"Foi criada essa comissão que busca representar o interesse dos produtores dentro da relação de integração. O objetivo é que produtores e agroindústria consigam conjuntamente discutir sobre remuneração, cláusulas contratuais, fiscalização e assuntos que são pertinentes a integração. Podendo lutar por uma justa remuneração, uma clareza no contrato e até mesmo por melhores condições de trabalho", explicou o advogado.
Atuação da Cadec
A partir dos próximos meses, com a criação desta comissão, a Cadec atuará em três pilares junto aos produtores rurais e indústria: o primeiro é a CONEXÃO, que prevê o desenvolvimento de uma plataforma on-line para que o produtor possa solicitar consultoria jurídica on-line ou presencial, tirar dúvidas, fazer sugestões e reclamações de forma rápida e dinâmica.
O segundo pilar é PARTICIPAÇÃO, que prevê a criação do Fórum Nacional das Cadecs, que terá como objetivo o compartilhamento de informações e conhecimentos entre os produtores integrados de diversas regiões, como forma de diminuir a assimetria informacional que permeia as negociações com as agroindústrias.
E o terceiro é a CAPACITAÇÃO, que visa o equilíbrio de forças nas negociações das Cadecs. Os produtores terão acesso a um treinamento desenvolvido pelo SENAR Nacional que, em quatro módulos, abordará temas como a Lei da Integração Descomplicada, Preparação e Condução de Reuniões, Técnicas de Negociação e Gerenciamento de Custos de Produção.
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