Fumageira alerta que repassará aumento para consumidor

Gracieli Polak

CANOINHAS
Os objetivos que o Brasil deveria cumprir depois da assinatura da Convenção Quadro Sobre o uso do Tabaco em parte serão cumpridos neste ano no País, mas motivados por situações inerentes às estabelecidas no documento. A série de medidas, adotada pelo Brasil em junho de 2003 determina, entre outras ações, a diminuição da produção de fumo e a divulgação dos malefícios do cigarro para evitar que haja crescimento na quantidade de pessoas fumantes ou expostas aos seus efeitos. A produção brasileira de tabaco, segundo estimativa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na terça-feira, 7, será 4,6% menor que a anterior e a proporção de fumantes no País também deverá diminuir, segundo especialistas em tabagismo.
Nesta safra 2008/2009, em fase final de colheita no Estado, a quantidade de fumo produzido, de acordo com estimativas da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região Sul (Fetraf-Sul), será 20% menor que as 760 mil toneladas colhidas no período anterior. O motivo da quebra na produção, no entanto, foram as variações climáticas intensas durante o período de desenvolvimento da cultura e não, necessariamente, o menor investimento no plantio do tabaco. Mesmo com quebra, o fumo produzido no País abastece mercado interno e externo com sobra e, depois do aumento no valor do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) em 25%, anunciado pelo Governo Federal na segunda-feira, 30 de março, possivelmente terá seu consumo reduzido pelos fumantes brasileiros.
A conclusão é de especialistas em tabagismo, que afirmam que nos próximos meses o consumo do tabaco diminuirá no País, tendência do aumento de preço que chegará ao bolso dos consumidores, que hoje pagam quantias muito menores que  consumidores americanos ou europeus.
TRAGADA MAIS CARA
Arnildo Ebling tranquilamente acende um dos 40 cigarros que fuma diariamente e diz que, mesmo com o aumento de ¼ no valor cobrado por cada carteira que contém 20 unidades, seu consumo não deverá baixar. A marca que ele utiliza custa aproximadamente R$ 2,40 a embalagem com 20 unidades. O aumento de 25% no produto significará cerca de R$ 40 mensais a mais para a manutenção do vício, mas ele acredita que terá de desembolsar a quantia superior, sem chance de reduzir a quantidade de cigarros diária. “Quem fuma, quem é viciado, não vai deixar de fumar porque o preço está mais alto. Vai amargar o aumento e pagar mais, mas quem não fuma tanto pode ser que veja nisso uma oportunidade para tentar largar”, afirma.
 
PROBLEMA PARA OS FUMICULTORES?
A especulação de que o aumento na carga de impostos poderia acarretar em preço mais barato pago aos fumicultores pelo produto bruto, se depender das fumageiras, não deverá se concretizar, ou seja, a conta será paga por quem consome e não por quem produz o tabaco. A Universal Leaf Tabacos, empresa que faz a mediação da compra de fumo em Canoinhas, não manufatura no Brasil o produto final. Segundo a empresa, cerca de 90% do tabaco comprado no País é exportado, o que não alterará a compra, dado que o preço pago aos produtores é negociado com sindicatos da categoria e com a Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) e não está sujeita à mudança tributária.
A Souza Cruz, detentora de grande fatia do mercado de cigarros no País anunciou que o aumento no imposto será repassado integralmente ao consumidor final, a partir de 1.º de maio, quando a medida começa a vigorar.