Diretor-presidente do campus Mafra deve assumir cargo máximo da universidade unificada
Edinei Wassoaski
CANOINHAS/MAFRA
Depois de mais de um ano de idas e vindas, a Universidade do Contestado (UnC) se prepara para eleger na próxima quarta-feira, 10, o primeiro reitor da nova estrutura, que unifica agora os quatro campi (Canoinhas, Concórdia, Mafra e Curitibanos) da instituição. Se para os acadêmicos e funcionários, o fato de a universidade ter um só CNPJ muda pouca coisa, a eleição do novo reitor muda radicalmente a estrutura administrativa. Antes figura de retórica, o cargo de reitor passa agora a ser o que concentra maior poder. É ele, por exemplo, quem vai nomear, segundo os critérios que bem entender seguir, todos os cargos de chefia abaixo dele. Inclui-se aí, os pró-reitores, cargos similares aos de diretores-presidentes, antes eleitos por um colégio eleitoral formado por representantes de entidades de classe e endossado pelo prefeito.
Para se chegar a eleição do reitor, foram eleitos os conselhos curador e fiscal, formados por membros da sociedade sem vínculo com a UnC. Alguns dos membros destes conselhos votarão na quarta-feira, além de mais 15 professores, representantes dos acadêmicos e funcionários. A eleição acontece somente na sede da reitoria, em Caçador, das 14 às 17h, o que significa que membros de outras cidades terão de arcar com as despesas da viagem até Caçador para marcar um “x” ao lado do nome de Valério ou anular o voto.
CRÍTICAS
Em artigo publicado na edição de hoje do CN (página 4), o vice-diretor presidente da UnC Canoinhas, Armindo José Longhi, faz duras críticas ao processo de escolha do reitor. “Ao invés de avançar, recuamos! (...) Por que a reforma política da UnC retrocedeu? Porque o procedimento gerador da reforma não resultou de um processo de discussão democrático. Meia dúzia discutiu, propôs e, somados a mais meia dúzia, aprovaram por unanimidade. Quantos professores, alunos e funcionários participaram do debate? Nem poderia ser diferente. Como discutir acordos e conchavos democraticamente?”.
O método usado pela alta cúpula da universidade, também questionado pelo campus de Caçador, que acabou abandonando a UnC e criando uma nova universidade, é baseado em acordo feito há dez anos. Quando Mário Bandiera assumiu a reitoria em 2001, um acerto entre os então cinco campi da UnC acordou um sorteio que determinou a sequência de campi que indicariam os próximos reitores, ou seja, um campi por mandato. Dessa forma, Bandiera, que era de Caçador, foi sucedido, mediante sorteio, pelo canoinhense Gaston Mário Cazamajou Bojarski que, por sua vez, foi substituído por Werner Bertoldi, de Curitibanos. Dessa forma, restariam ainda deixar suas impressões no comando da UnC, os campi de Mafra e Concórdia. Foi a manutenção deste acordo que levou a alta cúpula a apoiar a eleição de Valério, conforme admite o diretor-presidente da UnC Canoinhas, Hamilton Wendt. “Cada um tem direito de expor sua opinião, mas não há nada que não possa ser repensado”, amenizou ao admitir que as críticas de Longhi podem ser avaliadas como sugestões no futuro. As inscrições para a disputa pela vaga de reitor se encerraram na segunda-feira, dia 1.º.
MPSC ACOMPANHOU PROCESSO
Para o pró-reitor de pesquisa e extensão e ex-diretor acadêmico da UnC Concórdia, Leandro Comasseto, o processo precisa ser revisto futuramente. Ele lembra, no entanto, que houve acompanhamento do Ministério Público, cujo representante chegou a acompanhar várias reuniões que culminaram na unificação. Foi o Ministério Público, inclusive, que determinou a imediata unificação do CNPJ, considerando ilegal a situação da instituição até então.
Certo ou errado, o processo de eleição do reitor adotado pela UnC é bem diferente do de instituições de respeito internacional como a Universidade de São Paulo (USP), que escolhe o reitor em dois turnos (veja abaixo). Mesmo assim, do 2.º turno sai uma lista tríplice que é avaliada pelo governador, que dá o veredicto final sobre o eleito.
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