Família passou por Canoinhas e palestrou para estudantes sobre a realidade indígena
CANOINHAS ? Nada de cocar feito a partir de material reciclável, nem pintura de tinta guaxe no rosto. A Escola de Educação Básica Tempo Feliz resolveu sair do lugar comum ao lembrar o dia do índio, este ano, na sala de aula.
Desde o dia 19 de abril, comemorado oficialmente como dia do índio, os estudantes vêm se aprofundando nos aspectos da presença indígena na região.
As tribos dos kaingang e dos xokleng são, historicamente reconhecidas como formadoras da região. Em comemoração ao dia do índio, o Governo Federal cedeu posse declaratória de sete territórios, entre eles, uma área em Chapecó, onde vivem dez índios que estiveram acampados em Canoinhas nos últimos dias.
Aproveitando a passagem dos kaingang por Canoinhas, a Escola convidou os índios para uma palestra aos alunos.
A família, composta por um casal, três irmãs do homem e cinco crianças, explicaram que estiveram em Canoinhas para vender seu artesanato, já que não existe fonte de renda para eles na reserva. A posse concedida pelo Governo prevê que os índios possam usar apenas 30% das terras ? que deve ser dividida entre mais de 2 mil famílias ? já que 70% da área é de mata nativa, portanto, intocável.
Dessa forma, para garantir uma fonte de renda, os índios saem em missões pelo Estado a fim de levantar dinheiro vendendo produtos artesanais.
Os estudantes, tocados com a situação dos kaingang, que estavam acampados em uma lona nas proximidades do Terminal Rodoviário, organizaram uma campanha de arrecadação de alimentos que foram entregues aos índios na quinta-feira, 26, na sede da Escola.
?É uma situação muito difícil que eles vivem, sem garantir subsistência na reserva?, lamenta a coordenadora geral da Escola, Madalena Schiessl Moreira. Um dos principais objetivos do estudo, de acordo com Madalena, foi de despertar nos alunos a consciência e respeito à cultura indígena. ?Eles sofrem muito preconceito. O ?branco?, como eles se referem aos não-indígenas, tentam impor a eles uma cultura que não é a deles?, conclui Madalena.
SAIBA MAIS
Os Kaingang são um povo pertencente à família lingüística Jê, integrando, junto com os Xokleng os povos Jê Meridionais. Sua cultura desenvolveu-se à sombra dos pinheirais, ocupando a região sudeste/sul do atual território brasileiro. Há pelo menos dois séculos sua extensão territorial compreende a zona entre o rio Tietê (SP) e o rio Ijuí (norte do RS). No século 19 seus domínios se estendiam, para oeste, até San Pedro, na província argentina de Misiones.
Atualmente os Kaingang ocupam cerca de 30 áreas reduzidas, distribuídas sobre seu antigo território, nos Estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, com uma população aproximada de 29 mil pessoas.
Sozinhos, os Kaingang correspondem a quase 50% de toda população dos povos de língua Jê, sendo um dos cinco povos indígenas mais populosos no Brasil.
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