Mobilização no ano passado serviu somente para que a escola recebesse reforma paliativa

Edinei Wassoaski

CANOINHAS

 

?Tirei minha filha de lá e matriculei no Severo (de Andrade), porque não tem condições?. O relato de José Osni Rodrigues, morador do bairro Campo d?Água Verde expressa a indignação comum aos moradores do bairro que têm filhos estudando na Escola de Educação Básica Rodolfo Zipperer, que retoma as aulas no próximo dia 9.

Alceu Salsen, que criou todos os filhos estudando na Rodolfo Zipperer, lamenta a atitude do Governo. ?Foi um erro começarem esta obra sem ter dinheiro para continuar?, afirma.

Ronilson Moeller também tem filhos estudando na escola e não se conforma com as condições oferecidas aos alunos. ?Pelo tamanho do nosso bairro, é uma vergonha termos um colégio nestas condições?, protesta. Ele lamenta o fato de os pais de alunos não se mobilizarem. ?Se pressionar eles (o Governo) fazem, veja o caso do Almirante (Barroso)?, lembra.

Anunciada em 2005, a obra da nova sede da Zipperer passou por altos e baixos até estacionar de vez menos de um ano depois. A Marítima, construtora de Monte Castelo de propriedade do prefeito da cidade, Aldomir Roskamp, responsável pela obra de R$ 1,47 milhão, pediu ainda em 2006, aditivo de cerca de R$ 400 mil para construir a laje do piso superior. O problema é que a obra foi licitada na modalidade ?tomada de preço?, que contempla obras abaixo de R$ 1,5 milhão. Obras acima desse valor precisam passar por um processo mais complicado, denominado ?concorrência?. O comitê gestor do Governo do Estado levou dois anos para emitir parecer contrário sobre o pedido de aditivo. Nesse meio tempo, a obra seguiu parada, com raros intervalos nos quais apareceu um operário da empresa para trabalhar. Depois da resposta do comitê gestor do Governo, a construtora desistiu de vez da obra.

À época secretário regional, Paulo Stocker tentou negociar com a Marítima, propondo que o material usado na fabricação da laje fosse mais barato, o que não demandaria mais de R$ 75 mil, mantendo a obra na modalidade ?tomada de preço?. O dinheiro, no entanto, não foi liberado.

 

EMPRESA ABANDONOU OBRA

 

Dado o tempo da obra parada, a Secretaria de Desenvolvimento Regional de Canoinhas (SDR) decretou ?abandono? por parte da Marítima. Em dezembro passado, a empresa foi notificada verbalmente da rescisão do contrato, mas não oficialmente, o que, segundo o secretário regional Edmilson Verka (PSDB), deve ocorrer somente em fevereiro. A partir de então, segundo Verka, um novo processo licitatório será aberto. ?A prioridade para este ano é concluir a obra do Rodolfo Zipperer?, frisa o secretário.

Até lá, professores e direção da escola vão continuar a ouvir opiniões como ?A escola podre?, dita a reportagem por uma aluna de 12 anos que só não muda de colégio, segundo ela, ?por causa da distância?.