Anos atrás, Carnaval existia de verdade na cidade
Gracieli Polak
CANOINHAS
Nem só de desfiles de escola de samba pela televisão e festas isoladas em clubes da cidade era feito o carnaval de Canoinhas anos atrás. A data, que hoje contrasta com as manifestações de folia País afora, já foi valorizada e comemorada intensamente pelas ruas da cidade, tanto que foi documentada pelo CN nas décadas de 1980 e 1990. No auge do carnaval de rua da cidade, a disputa entre os blocos era acirrada o suficiente para escrever na história os nomes dos blocos Kakara e Kakoragem e Moçada Dependente, grandes campeões das edições da competição de rua.
Paulo Drachinski, o Polaco Preto, um dos organizadores do Bloco Mossada Dependente lembra com saudade dos antigos carnavais de Canoinhas. Drachinski conta que a data era tão popular que superava 7 de setembro em relação ao número de espectadores que assistiam ao concurso. ?Era realmente uma alegria. Os participantes se envolviam, se fantasiavam e valia tudo para conseguir o troféu, bem diferente do que acontece hoje. As pessoas iam para a rua assistir ao desfile e faziam com que a festa fosse muito bonita?, lembra.
Alexey Vilela Sachweh, o Porcão, um dos organizadores do Kakara e Kakoragem, hoje vereador de Canoinhas, lembra com orgulho da equipe tri-campeã do carnaval canoinhense. ?Era fantástico. Nós tínhamos porta-bandeira, mestre-sala, bateria e ensaiava no estádio, na rua. Quando chegava o carnaval, vinha gente de fora para assistir, porque realmente era muito bom?, relata.
Sachweh conta que, na época, todo mundo se conhecia e levava à sério a competição, mas que, com a mudança de muitos componentes para ir estudar fora, o bloco acabou. ?A gente acabou ficando sem tempo, se vendo nas férias, alguns ainda fazendo estágio e ficou difícil conciliar as duas coisas?, admite.
FOLIA SEM VOLTA
Questionado sobre a possibilidade de Canoinhas voltar a ter um carnaval à semelhança do de décadas atrás, Sachweh diz que tudo depende de ação. ?Quem tiver vontade de reavivar essa tradição deve tentar. Começar a fazer de novo e estimular as pessoas a participar. Não deve ficar esperando incentivo público que a gente não tinha. Nós mesmos colocávamos as lantejoulas na fantasia, as namoradas costuravam e dava certo?, afirma.
Já Drachinski se mostra pessimista. ?Acho difícil. A cultura de hoje é bem diferente daquela época. A piazada não se envolve, não quer se comprometer com nada. Nem mesmo bailes de carnaval tivemos este ano aqui na cidade, o que é uma pena?, lamenta.
Deixe seu comentário