Polêmico e com fama de ?difícil?, Luiz Carlos Prates deu show de simpatia durante passagem por Canoinhas
Edinei Wassoaski
CANOINHAS
A estatura baixa não condiz com a postura militar que o psicólogo Luiz Carlos Prates impõe com sua voz firme e encorpada, conhecida pelas aparições no Jornal do Almoço, da RBS TV. Prates comanda ainda uma coluna no jornal Diário Catarinense e um programa na rádio CBN. Antes de palestrar a convite da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Canoinhas no sábado, 21, no Santa Catarina Plaza Hotel, para uma plateia lotada, o psicólogo teve a seguinte conversa com a reportagem do CN, pontuada por bom humor e respostas afiadas. Acompanhe.
Sempre que vejo o senhor no ar fico imaginando quantas pessoas devem telefonar para a RBS para concordar ou contestar os teus textos.
De certo modo é assim, mas não sei se os que não gostam se constrangem de ligar, mas eu recebo muito mais aplausos do que críticas. Não estou fazendo elogios em boca própria porque isso seria detestável, mas tenho impressão que as pessoas que gostam ficam muito mais faceiras em ligar. De qualquer forma, não norteio meu trabalho por críticas, a favor ou contra. Penso que comunicação tem de ser também formação, e se for, o que sai com uma boa intenção vale a pena. Você não pode mandar as pessoas pagar suas contas e você mesmo não pagar as suas.
É muito difícil praticar o que o senhor prega?
Não. Sou um sujeito apegado a uma disciplina militar. Gosto disso, me faz bem. O problema é que estamos vivendo em uma sociedade sem norte existencial, sem padrões, sem punição. Está valendo tudo e a partir daí qualquer pessoa que pregue algo em contrário passa a ser tomado como um sujeito muito diferente. Não é! Ele só está fazendo aquilo que todos deviam fazer.
As mudanças na educação nos últimos anos têm se mostrando ineficazes. Está cada vez pior ou sempre foi assim?
Do ponto de vista educacional está pior. Educação é a discussão de valores, é aquilo que começa em casa, passa pela escola e chega à sociedade. A instrução é aquele conhecimento transmitido visando a profissionalização do sujeito, em alguns aspectos até melhorou, mas a educação essencialmente como transmissão de valores não, essa se deteriorou e não sabemos aonde vai parar.
O fato de que hoje qualquer palavra mais dura proferida por um professor a um aluno pode resultar em processo judicial não desnorteou a educação?
O professor é hoje advertido e punido se erguer a voz para o aluno porque o pai não faz isso em casa. No passado, o pai era o primeiro a tirar a cinta e educar o filho. Hoje não, hoje se o professor chama o aluno de mal educado já é punido. É que como o pai não faz isso em casa, cobra de quem faz isso na escola. O que se pode esperar de crianças não educadas? É um salve-se quem puder.
Aqui na região, na última Prova Brasil, os resultados foram catastróficos. Falando especificamente da instrução, houve deterioramento da educação?
Os pais querem a nota, mas não querem saber se o filho está aprendendo. Querem que o filho passe, o aluno virou cliente, se pagar em dia a mensalidade, é respeitado. Quem tem mais dinheiro costuma ser mais indisciplinado. O exemplo precisar vir de cima. É preciso uma revolução (na educação).
A política está se deteriorando cada vez mais. Impressão ou sempre foi assim?
O canalha sempre existiu. Os cuidados eram maiores. Para ser um canalha era necessária muita coragem. Hoje o canalha assume ser canalha e sabe que será tolerado. Hoje se discute o preço da honra.
O senhor prega muito a literatura em seus textos. O que é essencial ler hoje?
È necessário ler de tudo. Não há leitura ruim, há leitores ruins. Ultimamente ando lendo muito sobre finanças pessoais, grandes pensadores do assunto, americanos de modo especial.
Deixe seu comentário