Todos os municípios da região extrapolaram limites impostos pelo Governo
CANOINHAS ? Se os dados refletissem a realidade seria possível dizer que diminuiu o número de famílias vivendo na pobreza ou abaixo dela em Canoinhas entre 2006 e 2007. É o que aponta dados do programa Bolsa-Família, que concede benefícios em dinheiro a famílias comprovadamente carentes. Em 2006, segundo levantamento realizado pelo CN junto ao site Transparência Brasil e ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Canoinhas tinha 24% da população recebendo o benefício do Bolsa-Família. Em 2007, este percentual diminuiu para 15,9%. O resultado poderia ser comemorado como fruto da melhoria da qualidade de vida do povo canoinhense, mas passa longe disso. Em 2007 os dados do IBGE foram atualizados com o censo realizado em todo o País. O resultado final revelou que a população canoinhense aumentou apenas em 2% nos últimos sete anos, o que representa um contingente de 995 pessoas ? passou de 51.615 para 52.610.
Isso não significa que somente 995 pessoas nasceram nestes sete anos, mas que houve uma grande evasão de moradores, dentre as quais poderiam possivelmente estar, famílias que e beneficiavam do programa do Governo Federal por meio da Secretaria da Ação Social de Canoinhas. Outro motivo para famílias deixarem de receber benefícios do Governo Federal, são denúncias que, depois de apuradas pela Secretaria de Ação Social do município, que administra o programa, comprovaram que famílias que se diziam na pobreza, na verdade estavam acima do que para o Governo é considerado pobreza. Ano passado, 43% das 181 famílias investigadas por assistentes sociais de Canoinhas estavam acima da linha de pobreza, segundo a gestora dos programas sociais do Governo Federal em Canoinhas, Dótzi Mara Godoi Rosa.
Dótzi explica que para se estabelecer um índice de pobreza na cidade, os números de benefícios do Governo Federal não são base, considerando-se que há 2.449 famílias na fila de espera para ser beneficiada pelo Governo Federal. Segundo informações dessas famílias, todas estão vivendo na pobreza ou abaixo da linha de pobreza. Uma parte dessas famílias tem renda de até três salários mínimos, seguindo critérios impostos pelo Governo Federal. Dótzi lembra que todas as pessoas que perderam ou desistiram do benefício não são substituídas, daí a redução. ?O objetivo do Governo é que cheguemos a meta determinada para a cidade?.
Hoje, Canoinhas tem um limite de 1.735 benefícios do Bolsa-Família, mas isto já foi extrapolado para 1.866. Somando-se aos programas de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti), Auxílio Gás e Agente Jovem, este contingente sobe para 2.445.
MAJOR VIEIRA E MONTE CASTELO MAIS POBRES
A maioria dos municípios da região tiveram queda no número de famílias beneficiadas pelo Bolsa-Família entre 2006 e 2007. Major Vieira, Monte Castelo e Bela Vista do Toldo foram os únicos que apresentaram aumento.
Major Vieira é apontado como o município mais pobre da região. Pelo menos 31,5% das famílias major-vieirenses vive na pobreza ou abaixo dela, considerando os dados do Governo Federal.
Monte Castelo, apesar de ter dado um salto econômico com o surgimento da indústria da fruticultura, alavancada em 2007, tem 28,1% de suas famílias vivendo em diferentes níveis de pobreza, segundo os dados da União. O surgimento da primeira usina de biodiesel da região, a ser instalada nos próximos meses na cidade, é a esperança dos monte-castelenses de saírem da pobreza.
Já
A sistemática que Alan explica é válida para todo o Brasil. O que diferencia as famílias é a ordem de chegada. A maioria das prefeituras trabalha com cadastros realizados em 2001, quando o Governo Fernando Henrique Cardoso criou as primeiras bolsas que foram sendo reformuladas até serem unificadas pelo Governo Lula no Bolsa-Família, com adendo para o programa Agente Jovem, Peti e Auxílio-Gás.
Para a secretária de Saúde e Ação Social de Três Barras, Ana Cláudia Quege, o benefício que o Governo manda é muito bem-vindo. O município, inclusive, complementa com sacolões, distribuídos religiosamente todos os meses a famílias carentes, a maioria também beneficiada pelos programas da União. ?Mas não basta, precisamos de incentivos para que novas indústrias se instalem na região, proporcionando emprego para essas famílias?, ressalta a secretária.
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