Mentira admitida pela Polícia sustenta a polêmica
JOINVILLE/CANOINHAS - A advogada Elisangela Asquel Loch e a bacharel em direito Camila Mendonça de Freitas, que abraçaram a defesa do canoinhense Oscar Gonçalves do Rosário, estão dispostas a pedir a exumação do corpo da pequena Gabrielli Cristina Eichholz, caso a polícia não tenha adotado o procedimento minimamente exigível para o caso, e recolhido material para a realização do exame de DNA. A afirmação foi feita pela dupla ao jornal Gazeta de Joinville de quarta-feira, 4.
Elisangela e Camila contestam a argumentação de que não haveria material para a realização do exame, questionam o trabalho do Instituto Geral de Perícias que não guardou o vestido e nem a fralda que a menina usava e ressaltam que, atualmente, existe tecnologia suficiente até para identificar o DNA até do tecido epitelial (se houve penetração, ainda que não consumado o ato, sempre restam vestígios de mucosa ou mesmo pele). ?Tiraram o sangue do jovem de 17 anos, com autorização assinada pela responsável, e seu exame não apareceu. Um laudo pericial diz que o material colhido não seria suficiente, mas quanto será que é suficiente? Se sabemos que até o contato físico alegado contra o acusado já seria suficiente para deixar vestígio. O fato é que a polícia não fez o que deveria e agora precisa apontar um culpado?, sintetizou a advogada à reportagem da Gazeta.
Inconformadas com as falhas aparentes na investigação, a forma como a polícia ?resolveu? o caso e o apelo da mãe de Oscar sustentando sua inocência, as colegas resolveram abraçar a causa. Depois de conversar com a família, questionar o pedreiro e estudar demoradamente o processo, elas se dizem convictas de sua inocência.
POBRE E SEM INSTRUÇÃO, O SUSPEITO IDEAL
Segundo as advogadas, Oscar é o suspeito ideal para qualquer polícia ?sem competência? chegar a um culpado de maneira científica. ?Oscar é um jovem pobre, quase sem nenhuma instrução, ingênuo e facilmente induzível, maltratado pela vida, sem oportunidades, que veio para Joinville em busca de trabalho e se viu enredado numa história sem qualquer nexo?, explicou.
E as inconsistências no inquérito são muitas. Até a prisão de Oscar, os investigadores trabalhavam com pelo menos outros três suspeitos que foram vistos no local do crime, que tiveram efetivamente a oportunidade de cometer o assassinato e que até então eram alvos preferenciais da investigação. ?Vou te dar um exemplo: Eles não podem dizer que o DNA do jovem de 17 anos o excluiu dentre os suspeitos, já que, hoje finalmente sabemos, o exame não foi feito; e o próprio chefe da Policia Civil do Estado afirmou que só faltava o exame para um indiciamento. E agora??, questiona a advogada.
Sem dar maiores detalhes, elas lembraram também que nos diversos depoimentos colhidos dentre os suspeitos logo após o crime, confrontados com outros colhidos nos dias seguintes, pode-se detectar inúmeras contradições. ?E existem manifestações reveladoras, que deveriam ser melhor investigadas?, argumenta, sugerindo que outras pessoas também viajaram inesperadamente depois do crime, como no início alegou a polícia, como indício em relação a Oscar.
LIGAÇÃO PROVARIA INOCÊNCIA
As defensoras apontam como álibi de Oscar um telefonema que ele teria dado a família no mesmo horário do homicídio.
Elas mediram a distância do local onde Oscar teria feito o telefonema para a irmã, por volta das 9h30 da manhã do crime e cronometraram quanto tempo uma pessoa de porte igual levaria para percorrer os mais de dois quilômetros que separam o telefone público da Igreja e, assim, pretendem deixar claro que seria impossível ele ter passado no local dito pela promotoria para beber antes e em seguida se deslocar para o templo onde aconteceu o crime.
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