Obras iniciaram há mais de dois anos com diversas paralisações

CANOINHAS ? Semelhante ao caso da E.E.B. Almirante Barroso, que levou três anos para ficar pronta, a E.E.B. Gertrudes Muller, no bairro Aparecida, vive drama semelhante, mas as incertezas são ainda maiores, já que não é somente o Estado quem está faltando com sua parte no acordo feito com a Construtora Edubetos, de Palhoça, que chegou a abandonar a obra em 2005, reassumindo depois de uma longa negociação.

Desta vez, a Edubetos abandonou até material de construção e maquinários. De acordo com o secretário regional Wilson Pereira (PMDB), no entanto, o Governo tem culpa no desaparecimento da Edubetos. A construtora tem mais de R$ 350 mil a receber do Estado pelo serviço que já fez. Esta semana, garantiu Pereira, foram liberados R$ 106 mil. Outros R$ 70 mil devem ser liberados logo após o Carnaval.

Mesmo assim, o Estado segue devendo R$ 200 mil a construtora.

Pereira diz que é ordem expressa do governador Luiz Henrique da Silveira (PMDB) que se liquide esta dívida. O prazo para entrega da obra, celebrado em contrato, se encerra no próximo dia 10 de março. ?Veremos então se a construtora nos dá condições de ao menos transferir as crianças do Parque de Exposições (onde os alunos da escola estão estudando) para o novo prédio, ou desiste da obra e nos dá espaço para procurarmos outra construtora?, explica Pereira. Neste caso, ainda não se sabe se no caso de desistência da Edubetos, seria necessária uma nova licitação ou se a segunda colocada no processo feito em 2004, a Emcoplac, poderia assumir a obra.

Pereira diz que 80% da obra está concluída. ?Se instalar luz, água e janelas já podemos transferir algumas salas do Parque, porque qualquer lugar do mundo é melhor que lá?, afirmou Pereira.

 

COMUNIDADE RECLAMA

 

A comunidade do bairro Aparecida acompanhou a reportagem da RBS TV que filmou a obra inacabada e as condições insalubres do Parque de Exposições para uma escola na manhã de terça-feira, 13.

A presidente da Associação de Pais e Professores (APP) da Escola, Sandra Mara Piechontcoski, explicou que a situação dos alunos é crítica e que boa parte deixou a Escola este ano. ?Chove dentro das salas, o calor é insuportável por causa das chapas de zinco, poeira, ratos e baratas dificultam o ensino?, conta.

Sandra diz estar especialmente preocupada com o fato de a 2.a Agrofest, que será realizada pela prefeitura entre 17 de fevereiro e 4 de março, adiar o início das aulas para 5 de março, o que prejudica o calendário escolar. ?Temos de agradecer o prefeito por ter cedido o Parque de Exposições, senão as crianças não teriam onde estudar?, pondera.

Dentro da obra, sacos de cal e cimento, maquinários e tijolos estão espalhados, denunciando o abandono. Não há vigia cuidando do material, o que facilita a ação de ladrões.

 

PROBLEMÁTICA

 

Há mais de dois anos a Edubetos iniciou a obra do novo prédio da E.E.B. Gertrudes Müller. Nesse período, a empresa paralisou as obras diversas vezes. Em uma delas, operários da obra disseram que estavam deixando de trabalhar em protesto contra a falta de pagamentos por parte da Edubetos.

À época, o então secretário regional Bene Carvalho (PMDB) garantiu que o Governo sempre honrou com seus compromissos com a empresa que acumulava cinco obras paralisadas em todo o Estado.

Em agosto de 2005, a Edubetos chegou a pedir falência, mas voltou atrás e retomou a obra avaliada em R$ 1,42 milhão.