24 famílias vivem em assentamento na Estação Paciência
CANOINHAS ? ?A gente espera poder plantar, ter criações e cuidar de nossas crianças?, é o que diz Sueli Terezinha Soares, mulher do líder do acampamento do Movimento Sem-Terra (MST), que há mais de um ano vem se fixando na localidade de Estação Paciência, distante 35 quilômetros do centro de Canoinhas.
São 24 famílias vivendo na área. As terras, que até o início do século 20, pertenciam à lendária madeireira norte-americana Lumber, embora despertem o interesse dos militantes, na verdade é improdutiva. Isso é o que afirma diversos proprietários de terras que ficam na mesma localidade. O problema, segundo João Dambroski, que tem terras em frente ao assentamento, é que as terras são extremamente vulneráveis a ação da chuva. ?Há dois anos a água cobriu todas as terras?, lembra. ?É uma judiação deixar essa pessoal aí, isso é um banhado?, alerta.
O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), no entanto, parece não estar muito interessado nas condições da área. ?Eles vem aqui só até a beira da estrada e voltam, não estão interessados em saber como é a área?, afirma o líder do acampamento, José Benedito Soares.
As famílias vêm de diversas cidades do Estado. A família de José e Sueli, por exemplo, vem de Araquari. Cada família recebeu do Incra seis alqueires de terras, acompanhado de uma verba de R$ 4,8 mil para se instalarem no terreno, dividido em duas parcelas de R$ 2,4 mil. No caso de José, o dinheiro da primeira parcela serviu para a compra de um cavalo, uma vaca, porcos e galinhas. José conta que o Incra prometeu mandar o material para a construção de sua casa. Enquanto isso não acontece, ele, a mulher e seis filhos vivem debaixo de uma lona, pisando no barro preto que parece nunca secar. ?Todo dia a terra está úmida, mesmo em época de estiagem?, conta José.
PREOCUPAÇÃO
A preocupação dos vizinhos da área é que o assentamento vire um bolsão de pobreza. ?Para o Incra é bom, solta eles aí e deixam que a Prefeitura se vire, engrossando apenas nas estatísticas os índices de assentados?, afirmou um vizinho que não quis se identificar.
?Se soubéssemos que essa terra era assim, não teríamos vindo para cá?, afirma Márcia de Souza, que veio com o marido e o filho de dois anos, de Curitibanos, a convite do Incra, para morar no assentamento. Márcia diz que a área que ganhou é uma das mais alagadiças de todo o acampamento.
PREFEITURA
A Prefeitura de Canoinhas também já mandou representantes para conhecer o acampamento.
O prefeito Leoberto Weinert compartilha da mesma preocupação dos assentados. Weinert disse na quarta-feira, 22, que já mandou até o acampamento equipes das Secretarias de Saúde, Agricultura e Meio Ambiente para avaliarem as condições de vida no local e que a avaliação não apontou os resultados ideais. Segundo o superintende de Obras Rurais, Fernando de Oliveira, a situação do assentamento não é das melhores. Tendo em vista esse levantamento, Weinert pediu que técnicos do Incra venham para Canoinhas na próxima semana para expor a situação. ?Queremos que o Incra esteja ciente da real situação do assentamento, para que não sejamos culpados?, se referindo ao futuro dos assentados.
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