Representantes de 12 municípios estiveram na cidade para apresentar sugestões

Edinei Wassoaski

CANOINHAS
 
Alenir Pereira tinha 17 anos em 1959, mas envolvido desde cedo com a política, lembra bem da figura empolgada do então prefeito de Canoinhas, Haroldo Ferreira (morto em 2004) recém-chegado de uma viagem a Brasília, comunicando que a cidade sediaria o 1.º Conclave Socioeconômico de Santa Catarina.
O aniversário de emancipação político-administrativa de Canoinhas, comemorado amanhã, há exatos 50 anos suscitou um dos mais prestigiosos eventos já realizados na região. “Foi um evento muito grande, cheio de pompa”, recorda Cilas Lourival Ziemann, que atuou como membro componente da secretaria do Conclave. Representantes de 12 municípios da região, além de gente da Capital, como o então secretário estadual de Agricultura, desembarcaram por estas plagas a fim de discutir o que a região precisava para se desenvolver. O ano de 1959 prenunciava um período sombrio para o País. O pontapé inicial da Revolução Cubana inspiraria ditadores no mundo todo, que cinco anos depois tomariam o poder no Brasil. O tom de subversão contaminava até um presidente tomado por conservador. Juscelino Kubitschek havia declarado moratória ao FMI, alegando que as exigências de seu programa comprometeriam a realização do Plano de Metas do Governo Federal. Era justamente da União que os participantes do Conclave pretendiam tirar recursos para financiar os projetos audaciosos elencados no evento. Como a história se encarregou de deixar bem claro, não tiveram êxito na empreitada. O Governo Estadual, por mais que apoiasse o evento, pouco fez para concretizar os projetos que saíram do Conclave.
 
PROPOSTAS
 
Durante os três dias de Conclave (11 a 13 de setembro de 1959), a sede do Clube Canoinhas recebeu centenas de políticos, jornalistas, radialistas e um público interessado em discutir desenvolvimento regional. Extremamente prático, o trabalho comandado pelo prefeito Haroldo Ferreira visava formar grupos temáticos que elencavam propostas delineadas com dados e sugestões de viabilidade. No fim, uma Comissão Avaliadora dava o aval aos projetos, invariavelmente com emendas.
Entre as propostas se destacam peculiaridades como a necessidade iminente de se construir um sanatório na região. “De resto e de verdade, o médico de interior não é aliciado nem para a Psiquiatria, nem para a Neurologia e nem assume responsabilidade ante a família e a sociedade para casos de tal natureza”, assinalou o médico Dr. Mário Mussi, em documento assinado ainda pelos Drs Reneau Cubas, Haroldo Ferreira (além de prefeito era médico) e Oswaldo Segundo de Oliveira.
Concluído o Conclave, os prefeitos foram atrás de dinheiro para financiar os projetos, mas como se pode ver no quadro ao lado, pouca coisa saiu do papel, nada muito diferente do que aconteceu com os Fóruns de Desenvolvimento Regional realizados em Santa Catarina na década de 1990 e as reuniões dos Conselhos de Desenvolvimento Regional que acontecem hoje, também patrocinados pelo Governo do Estado por meio das Secretarias de Desenvolvimento Regional. “Eles esperavam dinheiro do Governo Federal, mas o dinheiro não veio”, lembra Acácio Pereira, único dos entrevistados a guardar uma última lembrança do evento, a foto que ilustra esta página.