Empresa de Canoinhas fabrica sacolas plásticas a partir de lixo reciclado
Edinei Wassoaski
CANOINHAS
Quem acha que o pouco lixo reciclável recolhido na região é todo comercializado com empresas de fora, engana-se. No bairro Jardim Esperança, em Canoinhas, funciona uma fábrica de sacolas plásticas produzidas a partir de lixo reciclável. A Palmar Plásticos já atua neste mercado há dez anos. Hoje, o mercado está retraído, por conta da dificuldade em se conseguir matéria-prima, especialmente em uma cidade como Canoinhas, onde a cultura da reciclagem é quase nula. Lucas Hack de Souza Junior, diretor da empresa, diz que a Palmar tem um leque bastante diverso de fornecedores, mas reconhece a dificuldade. Junior explica que a vantagem em se reciclar o plástico, por mais oneroso que seja, se concentra no alto preço para se produzir plástico virgem. Mesmo assim, o custo/benefício é relativo. “Dependendo do material é oneroso por causa do tempo que demanda (o processo de reciclagem)”. O custo maior está na energia elétrica. “Uma forma de o Governo estimular esta indústria que tira de circulação mais de 80 toneladas de plástico por mês era desonerar o custo da energia elétrica”, sugere. O Brasil recicla hoje 21,2% do plástico, índice acima da média da União Europeia em 2007, aponta a Plastics Europe.
A Palmar trabalha com dois barracões. No primeiro, localizado no bairro Industrial 1, e feito a coleta e triagem do plástico usado. Este lixo é compactado e transformado em um material chamado de farelão que é levado para a matriz da empresa, localizada no Jardim Esperança. Dali, o farelão sai em forma de sacolas prontas para a venda. O mercado principal da empresa são produtores de bananas, que utilizam as sacolas para proteger os cachos, e supermercados.
CATADORES ENFRAQUECIDOS
Junior, assim como todos os envolvidos com reciclagem, defende políticas públicas que incentivem a separação racional do lixo e o fortalecimento de uma associação de catadores de lixo reciclável, além de incentivos fiscais para as indústrias.
Os incentivos parecem mais fáceis de conseguir do que unir uma associação. Conforme matéria da semana passada do CN, a Associação de Catadores de Lixo de Canoinhas, criada há dois anos, não saiu do papel. Segundo o supervisor de Meio Ambiente, Felippe Davet, o ideal seria que os próprios catadores fundassem e liderassem uma associação, até porque é muito mais fácil como cooperativa captar recursos em órgãos federais do que como uma entidade ligada a prefeitura. Mesmo assim, a prefeitura fez duas tentativas de fundar a Associação. Na segunda vez, quando uma senhora havia sido eleita como presidente da Associação, ao assinar a documentação no Cartório, desistiu do cargo e a Associação caiu no esquecimento. Para Davet, indiscutivelmente, uma Associação tiraria os catadores do ciclo dos atravessadores, empresas que colhem o lixo dos catadores, enfarda e revende para empresas. “Seria o fortalecimento de um setor que tem tudo para crescer”, afirma.
Davet explica que sua pasta já bateu na porta de todos os órgãos possíveis atrás de verba para criar uma estrutura física para a Associação, mas até agora nenhum pedido recebeu resposta positiva. Sua última esperança é o Ministério das Cidades, para onde encaminhou projeto esta semana. “Esta é nossa última tentativa”, afirma.
O orçamento deste ano da prefeitura prevê R$ 50 mil para a construção de um barracão de triagem de lixo reciclável, mas até agora o dinheiro não foi liberado. A previsão, por sinal, não é garantia de que o dinheiro seja de fato liberado.
Deixe seu comentário