Fatma garante que vai fiscalizar e se houver excessos pode até fechar a empresa
CANOINHAS ? Moradores do loteamento Jardim Santa Cruz reuniram-se na terça-feira, 8, com representantes da Agropedrinho Comércio de Insumos e Cereais para uma nova rodada de negociações em torno da emissão de película (espécie de resíduo de milho) por parte da empresa no meio ambiente e que cai em boa parte das 380 casas que compõem o loteamento.
Pedro Berti, proprietário da empresa, reconheceu o problema e afirmou que a empresa está tentando encontrar uma solução. Embora ele tenha afirmado que diminuiu o fluxo de caminhões despejando milho na unidade desde o fim de semana passado, os moradores afirmam que a emissão de película não diminuiu. ?Depois que acabar a safra (de milho) não adianta tentar resolver?, protestou Janice Carneiro Iendras, que aparece em reportagem publicada pelo CN na edição passada. Janice afirmou na reunião que os problemas de saúde de seus filhos foram agravados nos últimos dias. ?Meus filhos estão com os braços que é só sangue, de tanto se coçar?, afirmou Janice atribuindo a alergia a película que cai sem parar em sua casa.
Um técnico da empresa Jocil, que vendeu os equipamentos utilizados pela empresa, explicou todo o procedimento técnico para beneficiar o milho, frisando que o equipamento da Agropedrinho é ?o que há de mais moderno no mercado atualmente?. Ele explicou ainda que a película é extremamente leve, o que faz com que um mesmo resíduo voe por quilômetros de distância. O técnico garantiu ainda que não há uma alternativa 100% eficaz. ?Um pouco de película sempre vai sair?, garantiu.
Ele disse ainda que as normas ambientais mandam que a empresa faça uma revisão de emissão de películas a cada seis meses. Preocupado com a situação, no entanto, Berti teria pedido a empresa que adiante este prazo, já que a unidade está trabalhando há pouco mais de três meses com sua capacidade máxima.
Técnicos de um laboratório de medição de emissão de película de Curitiba, credenciada pela Fatma, deve estar na próxima semana na unidade.
Vereador Bene Carvalho (PMDB), que conduziu a reunião, pediu um voto de confiança a empresa, por parte dos moradores.
Vereador Paulo Glinski (DEM), que havia proposto a doação de uma área de terras por parte da prefeitura para remanejar as casas do local, frisou novamente o compromisso.
Vereador Célio Galeski (DEM) pediu que a direção da Agropedrinho que esqueça o aspecto técnico da questão e ao menos pelos próximos 20 dias ? período em que encerra-se a safra de milho ? pague o aluguel de uma casa para as famílias mais atingidas. . ?É uma questão de humanidade, essas pessoas precisam ter um lugar digno para morar?, interpelou.
A empresa não respondeu à sugestão.
FATMA VAI FISCALIZAR
O gerente da Fatma de Canoinhas, João Sampaio Junior, disse ontem ao CN que quando a Agropedrinho recebeu licenciamento da entidade para operar, atendia a todas as normas ambientais existentes para o setor cerealista. Sampaio diz que ?não dá para afirmar que a empresa está poluindo o meio ambiente?, mas como há uma reclamação por parte dos moradores, a Fatma vai fiscalizar. ?Estamos analisando se há como diminuir a emissão de película, assim como o ruído?, explica Sampaio. Na semana passada, a Fatma deu dez dias para a empresa diminuir a emissão de película. Entre ontem e hoje, uma equipe de técnicos da Fatma está monitorando a cerealista. ?Nosso objetivo é tomar todas as providências para que este problema seja evitado na próxima safra, do contrário a empresa pode ser autuada?, explica. A persistência do problema, caso seja comprovada ?agressão ambiental?, pode resultar na cassação da licença ambiental da empresa a qualquer momento, frisa Sampaio.
NOTA
Em nota a imprensa, a Agropedrinho questiona o porquê de na matéria publicada pelo CN na semana passada, não haver citação a outras empresas vizinhas a Agropedrinho, também cerealistas. Assim como à reportagem do CN, Sampaio diz que a reclamação foi nominal a Agropedrinho, mas isso não descarta a possibilidade de outras cerealistas receberem visitas de fiscais da Fatma. Na reunião de terça-feira, os moradores do loteamento voltaram a reafirmar a direção da Agropedrinho que o problema é detectado somente dos cilos da empresa.
A nota traz uma declaração contraditória em relação ao que foi falado na terça-feira pela direção da empresa. ?A Agropedrinho não pode responder pela insatisfação de alguns moradores deste bairro em questão, como sugere a publicação do jornal, já que está trabalhando segundo as normas estabelecidas para o ramo de sua atividade industrial e como a própria matéria cita ?...não se tem uma explicação plausível para a criação do loteamento Santa Cruz
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