Pinheiros foram arrancados; madeira deve ser legalizada, diz Fatma
Gracieli Polak
CANOINHAS
O encontro de duas massas de ar diferentes causou a mudança radical no clima que atingiu o Estado desde o domingo, 6, segundo o Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina (Ciram). Além da chuva forte, no interior de Canoinhas, o vento assustou e deu trabalho aos moradores, que, graças ao período de entre safra, não tiveram muitos prejuízos, mas viram destruição em áreas de mata.
Na propriedade de Írio Dranka, no Salto d’Água Verde, a tormenta da madrugada de terça-feira, 8, que provocou a morte de quatro pessoas em Guaraciaba, no Oeste de SC, deixou 1 milhão de pessoas sem energia elétrica, além de 45 cidades com 340 mil casas danificadas, deixou ainda devastação na mata nativa do agricultor. Inúmeras árvores tiveram copas e galhos arrancados, mas a violência do vendaval ficou mais evidente com os estragos sofrido pelas araucárias da propriedade. “Nove pinheiros foram para o chão. Cinco perderam a copa e outros quatro foram arrancados pela raiz”, conta o agricultor. Dranka suspeita que um tornado tenha passado pelas suas terras, porque algumas árvores que perderam galhos estavam retorcidas em várias direções. “O vento veio de todos os lados, então isso pode ter sido um tornado”, acredita.
De acordo com o Ciram, é necessário fazer uma vistoria para comprovar o fenômeno, mas, devido ao grande número de cidades atingidas, este trabalho não é ágil. “No entanto, existem evidências de que o fenômeno pode ter atingido a região. Em alguns locais somente imagens já podem confirmar a ocorrência do fenômeno” diz a meteorologista Laura Rodrigues.
NA REGIÃO
Em Três Barras, de acordo com informações do Corpo de Bombeiros, houve apenas duas ocorrências registradas, para retirada de árvores da pista. Em Bela Vista do Toldo, o fenômeno destelhou algumas casas, mas os prejuízos maiores foram na zona rural, devido às árvores caídas na rede de energia elétrica do município. Até a tarde de ontem, algumas comunidades ainda estavam sem energia.
Monte Castelo teve 270 edificações atingidas, com pelos menos dois feridos, sendo uma vítima de infarto e 40 desalojados.
Para quem teve árvores nativas arrancadas em sua propriedade a gerência regional da Fundação do Meio Ambiente (Fatma) faz um alerta: é preciso regularizar a madeira para poder utilizá-la. “É preciso que eles regularizem a situação, até mesmo porque o transporte até uma serraria, por exemplo, precisa estar documentado”, esclarece a bióloga Mariane Murakami da Silva.
A Fatma, segundo Mariane, está recebendo inúmeros pedidos de informação sobre a regularização desde terça-feira, mas para que os proprietários possam aproveitar a madeira, obrigatoriamente, devem entrar com projeto junto ao órgão.
NÍVEL NORMAL
A chuva deixa as comunidades ribeirinhas apreensivas. A altura do rio Canoinhas, segundo informações do 9.º Batalhão de Bombeiros, ainda não é preocupante. Medição realizada ontem à tarde constatou que o nível de água é de aproximadamente 4,4 m. Quando atinge 5,7 m a situação começa a preocupar.
Entre segunda-feira, 7, e ontem, a estação meteorológica de Major Vieira, registrou choveu 109 milímetros. O volume só é menor que o registrado em Urubici, no Planalto Sul, e Rio do Oeste, no Alto Vale do Itajaí.
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