Menino de 12 anos morreu depois de ter sido atingido pela queda de uma parede da quadra de esportes Vencer Sport
Edinei Wassoaski
CANOINHAS
Era para ser mais uma tarde de treinos na escolinha de futebol que funciona na quadra de esportes da Vencer Sport, que fica na rua Getúlio Vargas, no centro de Canoinhas. O temporal que se anunciava no início da tarde de quarta-feira, 15, no entanto, assustou e excitou os 13 meninos que começavam o treino na quadra de grama sintética, que fica ao ar livre. Como o céu ficava cada vez mais escuro e começava a chover, o professor Luiz Piotroviski decidiu levar os meninos rapidamente para a quadra coberta, que fica ao lado da grama sintética. ?Não deu tempo pra nada, enquanto os meninos entravam, começou a levantar a cobertura?, conta o professor. Em questão de segundos, antes de todos os meninos entrarem na quadra coberta, uma rajada forte de vento levantou a cobertura e ao voltar, todo o telhado de zinco veio abaixo. A parede de tijolos e as armações de ferro não suportaram e também cederam. Dentro da quadra estavam cinco meninos. Todos foram atingidos pelos escombros, mas o caso mais grave foi o de Gustavo Felipe Drachinstzi Carvalho, de 12 anos.
Alexandre Celevi, 13 anos, sofreu fratura exposta na perna esquerda. Diogo Dremer, 13 anos, sofreu cortes na cabeça e no tornozelo. Sidney Brey, 10 anos, Leandro Brey, 11 anos e Gabriel Kmita, 12 anos, sofreram ferimentos leves.
Segundo Luiz, o único desacordado era Gustavo. ?Ele sangrava muito?, relata. Um rapaz que passava pelo local no momento do acidente correu para ajudar e fez um telefonema de seu celular para o Corpo de Bombeiros, que logo em seguida chegou no local. Gustavo ainda estava com vida. Uma das estruturas de ferro atingiu sua cabeça, provocando afundamento de crânio e deixando-o inconsciente. O menino morreu a caminho do Pronto Atendimento do Hospital Santa Cruz. Os demais meninos receberam curativos e no momento passam bem. Apenas Alexandre precisou passar por uma cirurgia na perna.
CONFUSÃO E PÂNICO
A cena que se seguiu ao acidente na tarde de quarta-feira foi de caos e pavor. Pais chegavam a todo o momento na quadra de esportes atrás dos filhos. As crianças, assustadas, estavam no prédio da Unimed, que funciona ao lado da quadra de esportes. ?Imagine morrer alguém! O Levi (comissário de Polícia Civil que teve um ataque fulminante do coração em setembro de 2007 enquanto jogava futebol na mesma quadra) já morreu aqui!?, disse um dos meninos sem sequer imaginar que o colega estava morto.
Rosane Drachinstzi, mãe de Gustavo, chegou em lágrimas ao local e ficou ainda mais nervosa quando soube que o filho havia sido levado em estado grave ao Hospital Santa Cruz. Ela pegou carona com o repórter Beto Passos, da Rádio Clube, e entrou em desespero ao chegar ao HSC e receber a notícia da morte do filho.
?O melhor aluno que eu já tive?
Rostos molhados de lágrimas, dor e a saudade que já começa a tomar conta do coração. Foi esse o cenário que deu lugar às cenas de horror da quadra destruída, durante o sepultamento de Gustavo. ?Era um menino de ouro, muito alegre, cheio de vida?, conta a diretora da E.E.F. Sagrado Coração de Jesus, onde o menino estudava na turma da 6.ª série. Ontem foi dia de luto na escola. Não houve aulas, como forma de homenagear a memória de Gustavo. Laureci lembra que Guti, como era chamado, tinha muitos amigos e facilidade em conquistar novos amigos. ?Ele gostava muito de esporte?, conta.
Filho de pais separados ? Rosane e o engenheiro Luiz Cláudio Carvalho ? Gustavo morava com a mãe, mas costumava passar fins de semana com o pai.
Para o professor Luiz, que acompanhou o menino nos seus últimos momentos, ainda é duro falar sobre o aluno que ele considera ?o melhor que já tive?. ?Muito disciplinado, nunca se meteu em confusão com ninguém, era amigo de todo mundo?, contou com a voz embargada durante o sepultamento de Gustavo.
Para o professor, que ainda não se recuperou do choque, é difícil acreditar que uma tragédia como esta tenha acontecido. ?Não consigo, é muito difícil acreditar...?, encerra se rendendo às lágrimas que insistem em cair.
Perícia vai investigar causa do acidente
Ainda na tarde de quarta-feira, policiais civis de Canoinhas iniciaram a perícia na quadra de esportes onde aconteceu o acidente. Ontem, uma equipe da Defesa Civil do Estado iniciou investigação paralela a fim de apurar se a queda ocorreu por conta do forte vento ou se havia algum problema estrutural na quadra. A reportagem não conseguiu localizar o proprietário da quadra que é locada para praticantes de futebol amador.
O delegado regional Getúlio Scherer foi quem determinou a abertura da investigação para averiguar as condições do centro esportivo. Ele informou que não se pronunciará sobre o caso até que uma perícia seja realizada no local do acidente.
O caso ganhou repercussão nacional e foi noticiado pelos principais sites de notícias e jornais do País. Ontem, foi notícia do Bom Dia Brasil, noticiário matinal da Rede Globo de Televisão.
Vento deixou marcas em outras casas
Pelo menos quatro casas que ficam nas proximidades da Vencer Sport foram atingidas pelo vento que derrubou a quadra. ?Parecia um tufão, que só pegou essa região da cidade?, contou uma vizinha da quadra logo depois do acidente. A casa dela, assim como a de outros moradores da área, foi destelhada pela força do vento.
A Defesa Civil do Estado alerta para o risco de novos temporais na região. A previsão é de que o tempo continue instável até amanhã em todo o Estado, apesar da nova massa de ar frio, que fará a temperatura baixar. A Defesa Civil permanece em alerta devido à possibilidade de granizo, descargas elétricas e chuvas intensas. Ela alerta principalmente para o risco de deslizamento de terra.
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