13 servidores de Canoinhas irão paralizar seus trabalhos, mas marcarão ponto para garantir salário

CANOINHAS ? Canoinhas é uma das últimas cidades da região a aderir a greve dos servidores do INSS e do Ministério da Saúde. Os 13 servidores de Canoinhas paralisam na segunda-feira, 13.

Solange Maria Freitas Friedler, chefe da agência canoinhense, esclarece que mesmo estando em greve, todos os funcionários manterão o ponto em dia, para garantir, pelo menos, o que estão ganhando. ?Estaremos aqui, mas não abriremos as portas?, explica.

Sonia Maria Andrade Waldemann, diretora de base do Sindicato dos Servidores Públicos Federais de Santa Catarina, e funcionária da agência de Canoinhas, explica que a situação salarial dos servidores do INSS está insuportável. ?Não recebemos aumento real (baseado nos índices de inflação) desde 1995?, conta. A situação se agravou quando no início do ano o Governo Federal autorizou um aumento de 0,1% dos salários dos funcionários do INSS.

A decisão pela greve foi tomada na quarta-feira, 8, em reunião na sede do INSS.

Solange explica que todos os serviços serão paralisados, inclusive o de perícia médica. No entanto, ?nenhum segurado será prejudicado. Atenderemos assim que voltarmos. Perderão apenas em tempo?, afirma.

Para os segurados que já tem sua situação regularizada, a greve não afeta em nada os pagamentos dos benefícios.

O INSS de Canoinhas atende ainda os municípios de Bela Vista do Toldo, Três Barras e Major Vieira. Os funcionários não pretendem voltar ao trabalho enquanto o Governo não sinalizar com uma solução para o problema.

 

REPOSIÇÃO

 

Sonia explica que, embora a defasagem salarial dos servidores do INSS chegue a 100%, a exigência feita pelos grevistas é de que o Governo reajuste em 18% o salário dos servidores, além de elaborar um plano de recomposição salarial que reponha as perdas ocorridas nos últimos 10 anos e uma política salarial que garanta a reposição anual de acordo com a inflação. Os servidores pedem ainda que o Governo fixe reposições salariais anuais de acordo com a data base de 1.º de maio, entre outros pedidos (leia no quadro ao lado).

 

ENDOSSO

 

O auditor do Ministério da Saúde, dr. Vasco Teles, médico pediatra, disse achar a greve legítima e oportuna. ?O presidente exagerou ao estabelecer 0,1% de aumento aos servidores do INSS. O Legislativo, o Executivo e o Judiciário tiveram reposições salariais muito maiores, enquanto que os servidores do INSS, não. Isso, naturalmente, gera um clima de insatisfação?, avalia.

A greve em todo o Brasil, já atinge 75% dos servidores. Na região, apenas a agência de São Bento do Sul não aderiu à greve.

 

NEGOCIAÇÃO

Conforme explicou o presidente do INSS, Samir Haten , na quarta-feira, 8, tanto a presidência do órgão, sua Diretoria Colegiada, quanto o ministro da Previdência, Romero Jucá, abriu negociações permanentes, diretas e sem qualquer dificuldade de tratativa com os representantes do movimento dos trabalhadores da Previdência. "Mas, apesar disso, não conseguimos sensibilizar os dirigentes dos trabalhadores da Previdência para que não entrassem em greve ou adiassem o movimento, já que estávamos em um processo de negociação tranqüilo". Para Samir Haten, o INSS estava e está aberto para continuar conversando.

Sobre os servidores da Previdência que recebem menos do que um salário mínimo, como é o caso de servidores de Canoinhas, Haten disse que "eles podem até receber menos que um salário mínimo, mas existe uma complementação dos seus salários para atingir esse mínimo e existe um pleito nosso de consolidação desses valores para que nós tenhamos um vencimento de acordo com a legislação". Na opinião de Haten, as coisa não podem ser resolvidas de imediato. "Temos que lembrar que nós temos as restrições orçamentárias, financeiras, e, inclusive, por força legal".

 

O QUE OS GREVISTAS QUEREM?

 

  • 18% de reajuste emergencial;
  • Plano de recomposição salarial das perdas ocorridas nos últimos 10 anos;
  • Política salarial que garanta a reposição anual da inflação;
  • Fixe como data base, 1.º de maio;
  • Reestruturação do Plano de Carreira;
  • Piso salarial decente;
  • Melhores condições de trabalho;
  • Abertura de concurso público e contratação de aprovados no concurso de março de 2005;
  • Paridade salarial entre ativos, aposentados e pensionistas.