Josué Gomes de Almeida tem um sonho. Assim que deixar a Unidade Prisional Avançada (UPA) de Canoinhas, daqui a quatro meses, vai ingressar seriamente na carreira de pedreiro. Conhecimento para isso ele já tem. Josué é um dos 25 detentos que concluíram na manhã desta terça-feira, 11, o curso de qualificação de pedreiro de alvenaria estrutural do Senai, ministrado dentro da UPA. “Um curso desses é muito difícil de fazer. Mostra que tem gente que vê que a gente é humano, que não é bicho. Quando sair daqui, quero erguer a cabeça e trabalhar”, afirmou.

O que diz Josué é reflexo do que pensam as entidades envolvidas no curso. “É sempre bom lembrar que a pena não é só punição, mas uma reflexão para que o preso possa voltar à sociedade vivendo de forma lícita, honesta e digna”, afirma o juiz criminal João Carlos Franco. Além do judiciário, o Conselho da Comunidade, o Senai e a direção da UPA são parceiros na aplicação do curso que teve 100% de aproveitamento. Dos 25 detentos que começaram o curso, todos foram até o final. Quatro não receberam o certificado na cerimônia desta terça porque dois progrediram de regime e dois foram transferidos de unidade. Mesmo assim, eles concluíram o curso.
A diretora do Senai Canoinhas/Mafra, Maria Rosane Palhano Tormena, comemora o resultado da parceria. “Os concluintes vão trabalhar dentro da própria unidade, construindo um novo barracão”, revela. O curso foi ministrado por meio do Pronatec, programa do Governo Federal que busca capacitar mão de obra.
A parceria continua. Nos próximos dias deve começar um curso de eletricista de automóveis. Podem participar do curso detentos que estão no regime semiaberto.
 
FÁBRICA
Os alunos do curso poderão praticar a profissão dentro da própria UPA. Uma fábrica de cimento foi construída na Unidade. Os detentos trabalharam recebendo a vantagem de remissão de pena (a cada três dias trabalhados, ele ganharam um de desconto na pena) e um salário mínimo (25% do valor foram para um fundo rotativo). O Conselho da Comunidade investiu R$ 50 mil para erguer a edificação onde vai funcionar a fábrica. Em contrapartida, os detentos que aceitarem trabalhar devem produzir meio-fios e paralelepípedos que serão utilizados nas ruas do Município.