
No DR com Demori, Pedro Abramovay fala sobre reconstrução democrática

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No DR com Demori, Pedro Abramovay fala sobre reconstrução democrática (Fotos: Agência Brasil)
Pedro Abramovay já foi o mais jovem a comandar interinamente o Ministério da Justiça. Coordenou a campanha do desarmamento, ajudou a elaborar o Marco Civil da Internet e enfrentou resistências políticas ao propor novas abordagens sobre drogas.
Atualmente, à frente da Open Society Foundations na América Latina, ele defende que as mudanças sociais virão "de fora para dentro" – ou seja, mais dos movimentos e da sociedade civil do que dos gabinetes.
Na entrevista ao DR com Demori, que vai ao ar nesta terça-feira (3), na TV Brasil, o ativista e gestor comentou a perseguição à fundação que representa.
“A gente vive um mundo de muitos governantes autoritários que têm, nesses temas, o foco também da atuação. [...] São justamente os grupos que têm atacado a democracia, os direitos humanos, o combate às desigualdades no mundo, que têm raiva, não da gente, mas das organizações que a gente apoia. Para atacar esses grupos, eles atacam a fundação”.
Leandro Demori comentou o momento paradoxal vivido pela esquerda brasileira, que mesmo após vencer as eleições, parece atravessar um período de desalento político. Questionado sobre as críticas às chamadas pautas identitárias, Pedro Abramovay rebateu a ideia de que esses movimentos seriam responsáveis pelo enfraquecimento da esquerda.
Para ele, rotular como “identitário” o movimento negro, o movimento de mulheres e outras lutas sociais é desconhecer sua trajetória histórica.
“O movimento de mulheres e o movimento negro nunca foram movimentos exclusivamente identitários, essa etiqueta de identitário veio de fora para dentro. O movimento negro e o movimento de mulheres sempre trabalharam do ponto de vista transversal e trabalhando com questões de classe, questões econômicas muito claras”.
Para ele, mobilizar identidade na hora de votar é positivo e importante.
“O maior grupo eleitoral da esquerda é de mulheres negras. O maior grupo dentro dos evangélicos, que é onde a esquerda vai pior, é de mulheres negras. Se é a identidade que vai discutir temas que ela está ouvindo dentro da igreja ou se é o fato de ela saber que a vida dela está pior porque ela não tem emprego, porque ela não tem condições, porque não tem creche para deixar a criança. Essa disputa é a disputa política real”, avalia.
Sobre a atuação digital da esquerda, o ex-secretário reconhece o avanço da extrema-direita, mas recusa a ideia de derrota: “O bolsonarismo foi derrotado em 2022. [...] E foi derrotado inclusive com a participação nas redes, com a mobilização. [...] Então, não é verdade que a direita tem um monopólio do controle sobre o debate público”.
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