Dia da Consciência Negra no Rio marca incentivo à economia preta
Por Bruno de Freitas Moura - Repórter da Agência Brasil
Dia da Consciência Negra no Rio marca incentivo à economia pretaAgência Brasil
No meio da Avenida Presidente Vargas, uma das principais do centro do Rio de Janeiro, o monumento em homenagem ao líder negro Zumbi dos Palmares amanheceu nesta quinta-feira (20) cercado de manifestações populares, como música e dança. O local é um dos pontos mais tradicionais da celebração do Dia da Consciência Negra.
Em meio às atrações e discursos de ativistas e personalidades do movimento negro, um enorme buffet vendia pratos da culinária afro-brasileira. O ponto de venda era uma expressão do que a empreendedora Carol Paixão chama de economia preta.
O conceito, também conhecido como black money (em inglês, dinheiro negro), consiste em um movimento socioeconômico de fazer o capital girar dentro da comunidade negra.
É uma economia que bebe da africanidade, diz a empreendedora à Agência Brasil.
A gente está falando de uma economia que visa à população preta, que visa empregar mais pessoas pretas, completa ela, em meio a pratos da África do Sul e Moçambique, além da feijoada brasileira.
Manifestações populares no centro do Rio de Janeiro no Dia da Consciência Negra. Na foto, Cortejo da Tia Ciata - Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Carol é responsável pelo Império Kush, estabelecimento no centro do Rio. O nome é referência a um antigo império africano. Ela explica que o conceito de black money também se estende à relação com outros empreendimentos.
Quando a gente fecha parceria de prestação de serviço, a gente também visa que sejam todos pretos, enfatiza.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pessoas pretas e pardas vivenciam mais o desemprego do que as brancas, além de receberem salários menores e trabalharem mais na informalidade.
Veja a galeria de fotos:
Cortejo da Tia Ciata percorre ruas do centro do Rio de Janeiro - Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Cortejo Tia Ciata
As ruas que cercam o monumento de Zumbi foram espaço de apresentação do cortejo de Tia Ciata (1854-1924), negra baiana considerada a matriarca do samba.
Milhares de pessoas de baianas carnavalescas a crianças de escolas de samba formavam a manifestação cultural repleta de referência à cultura afrodescendente e mistura de batuques, como samba, maracatu, afoxé e bateria de escola de samba. O prefeito do Rio, Eduardo Paes, acompanhou a celebração.
Brasil - Angola
O cônsul-geral de Angola no Rio de Janeiro, Mateus de Sá Miranda Neto, deu tom internacional à celebração, lembrando que o mês de novembro também é representativo para Angola, nação africana origem de negros escravizados que vieram para o Brasil.
Novembro para nós é um mês muito importante. É o mês que resultou a grande luta que tivemos de travar contra o colonialismo, luta que nos conduziu ao 11 de novembro de 1975, a nossa independência.
Assim como o Brasil, Angola foi colonizada por Portugal.