A disputa eleitoral em Canoinhas ganhou novos contornos com a Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) movida por Samuel Lubke, candidato a prefeito pelo PRTB, que pede a cassação de registro da atual prefeita e candidata à reeleição, Juliana Maciel (PL), sua vice, Zenilda Lemos (UB), e a candidata a vereadora, Pastora Loreni (UB), por abuso de poder político e religioso.
Os fatos que motivaram a ação ocorreram em uma celebração religiosa na Igreja do Evangelho Quadrangular no dia 14 de setembro, onde as investigadas realizaram discursos que, segundo a denúncia, caracterizam uma campanha dissimulada. Embora não tenham feito pedidos explícitos de votos, os vídeos divulgados nas redes sociais da campanha de Juliana Maciel evidenciam que os discursos insinuavam a necessidade de apoio à sua candidatura, com foco na comunidade evangélica.
A Pastora Loreni, que é presidente da igreja onde o evento ocorreu, é apontada como um dos principais elementos do suposto abuso, pois não permitiu que outros candidatos tivessem acesso ao púlpito para se manifestar ou orar, favorecendo assim sua própria coligação. A ação denuncia que essa exclusividade contraria a legislação eleitoral, que proíbe o uso de locais religiosos para promover campanhas políticas.
De acordo com o AIJE, os discursos das candidatas, que ressaltaram suas qualidades e a importância de serem vistas como as melhores opções de voto devido à sua fé cristã, foram interpretados como uma tentativa de manipular o apoio dos fiéis. O material audiovisual coletado e anexado à ação judicial sugere que o evento religioso se transformou em um verdadeiro comício eleitoral, infringindo as normas eleitorais.
Segundo relata a denúncia, as práticas mencionadas são classificadas como abuso de poder político e religioso, com potencial para resultar na cassação do registro ou diploma das candidatas. A situação já vem sendo amplamente discutida nos meios de comunicação locais, que acompanham atentamente o desdobramento desse caso.
Precedente
O juiz eleitoral Eduardo Veiga Vidal decidiu na segunda-feira, 23, que as candidatas da coligação “O Trabalho Vai Continuar” - Juliana Maciel Hoppe (PL), Zenilda Lemos de Souza (UB) e Loreni de Fátima de Oliveira Rezende (UB) – violaram a legislação eleitoral ao usarem templos religiosos para promover suas candidaturas. A medida foi tomada após uma representação da coligação “Amor, Trabalho e Compromisso”.
O juiz ressaltou a gravidade do uso de espaços sagrados para fins políticos, considerando que a fala de Juliana Maciel, que afirmou: "quando uma cristã se levanta e diz 'eu estou aqui', nós cristãos temos a obrigação de apoiar", configurou propaganda eleitoral.
Ele ordenou que as candidatas se abstenham de veicular qualquer tipo de campanha em templos e alertou que o descumprimento poderá resultar em multas.