As decisões sobre juros no Brasil e nos Estados Unidos nesta quarta-feira, 18, concentram as atenções, bem como ficam no radar os desdobramentos do conflito no Oriente Médio. O Ibovespa abriu em torno dos 138 mil pontos, acelerou aos 139.043,36 pontos (alta de 0,15%) e cedeu 0,29%, na mínima a 138.443,11 pontos.

A queda do principal indicador da B3 ocorre em meio ao declínio de 0,50% do minério de ferro em Dalian, que não chega a contaminar as ações do setor de metais, e acontece apesar da valorização - moderada - das bolsas norte-americanas.

"Os índices de ações estão operando próximos da estabilidade, enquanto esperam os comunicados das decisões sobre juros nos Estados Unidos e no Brasil", diz, Pedro Caldeira, sócio da One Investimentos.

Conforme ele, apesar de alguns indicadores americanos de inflação mais fracos do que o esperado, o Fed não deve indicar quando começará a cortar os juros, dada o novo ingrediente, que é o conflito entre Israel e Irã. "Isso pode acelerar mais o preço do petróleo e elevar o risco de mais inflação", acrescenta Caldeira.

A agenda de indicadores está esvaziada, o que eleva o grau de ansiedade do mercado pelas definições do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), às 15 horas, e do Comitê de Política Monetária (Copom), no início da noite. Fica também no foco a notícia de que o Congresso Nacional derrubou partes do veto presidencial que impediam a prorrogação de contratos de energia do Proinfa, o que pode provocar aumento na conta de luz e consequentemente contaminar a inflação.

Além disso, o feriado de amanhã aqui e nos EUA, pode limitar a liquidez. Outro ponto é que volatilidade no Índice Bovespa não pode ser descartada, devido ao vencimento de opções sobre o indicador.

Ontem, o Ibovespa fechou em baixa de 0,30%, aos 138.840,02 pontos, diante da aversão ao risco após o presidente Donald Trump, sugerir uma possível intervenção americana contra instalações nucleares iranianas.

A expectativa é que o Fed deixe suas taxas de juros inalteradas entre 4,25% e 4,50% ao ano. O foco maior é quanto às projeções do banco central americano para a inflação, além da entrevista do presidente do Fed, Jerome Powell (15h30).

"A definição sobre juros e a fala de Powell sempre mexem com os mercados", diz Alvaro Bandeira, coordenador de Economia da Apimec Brasil, acrescentando que o Ibovespa tende a seguir o exterior, acompanhando o noticiário sobre o conflito no Oriente Médio.

Em meio a incertezas tarifárias e geopolíticas, a LCA 4Intelligence estima ser pouco provável que o Fed vá alterar suas diretrizes de política monetária - que, segundo a consultoria, deverão continuar a indicar a manutenção da taxa de juros em nível restritivo ainda por um bom tempo.

No Brasil, as estimativas estão divididas entre manutenção da Selic em 14,75% ao ano e elevação de 0,25 ponto porcentual.

Para a LCA, o Copom vai interromper o ciclo de aperto com a Selic em 14,75%, sinalizando que o juro não começará a ser reduzida tão cedo. Já a Associação Brasileira de Bancos (ABBC) estima elevação de 0,25 ponto porcentual na Selic, com a taxa indo a 15,00% ao ano - maior patamar alcançado em 20 anos, cita em nota.

Hoje, houve novo sinal de alívio na inflação. O Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) recuou 0,97% na segunda prévia de junho, após cair 0,32% em igual leitura de maio. Ao mesmo tempo fica segue no radar o temor fiscal, à medida que o governo deve apresentar ao Congresso na próxima semana um projeto para um corte linear de 10% nos benefícios fiscais, informa o Globo.

Às 11h11, o Ibovespa cedia 0,08%, aos 138.731,43 pontos. Ações ligadas a commodities subiam: Petrobrás avançava cerca de 0,30% e Vale avançava 0,56%. Já papéis de grandes bancos recuavam até 0,90% (Unit de Santander).