A relação entre a dívida e o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deve chegar a 79,3% em 2025 e aumentar a um ritmo anual de 3 pontos porcentuais, afastando-se da taxa observada em outros países com rating BB, de 53%, na mediana, afirmou a agência de classificação de risco Fitch.

Em relatório, a agência mencionou que o Tesouro conseguiu financiar com sucesso o déficit nas contas públicas no mercado doméstico, mas aumentando a parcela de LFT, títulos com remuneração determinada pela Selic. "Um grande colchão de liquidez (7,5% do PIB em abril) ajudou o Tesouro a passar pela volatilidade recente", acrescentou.

A Fitch aponta que o Poder Executivo enfrenta resistência crescente do Congresso a aumentos de impostos, mas que as pressões por aumento de despesas seguem elevadas e que o pacote fiscal apresentado pelo governo no final do ano passado para melhorar o aspecto estrutural do orçamento "agravou, em vez de afastar, as incertezas, provocando volatilidade no mercado".

A agência comentou também que em 2025 os mercados ficaram mais calmos, mesmo com incertezas relacionadas a mudanças no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e medidas para compensar estas alterações, e diante da promessa de isenção de Imposto de Renda para pessoas que ganham até dois salários mínimos.

"Esperamos que as autoridades entreguem um déficit primário de 0,6% do PIB, provavelmente recorrendo a medidas paliativas se os esforços para aumentar a arrecadação falharem. As despesas com juros não são cobertas pelas regras fiscais e devem aumentar neste ano devido ao aperto monetário. Projetamos que isso aumentará o déficit do governo geral (federal e subnacionais, menos o Banco Central) para 8,0% do PIB, de 6,6% em 2023."