O Ibovespa teve uma recuperação em linha com a perda do dia anterior, replicando o padrão lateralizado que tem prevalecido na B3 ao longo de junho, que manteve o índice na faixa de 136 a 137 mil pontos na maior parte do mês, excetuando-se duas sessões - na quarta-feira e no dia 9 - nas quais tocou em fechamento a casa dos 135 mil.

Assim, depois de ter renovado máxima histórica aos 140 mil pontos em 20 de maio, o Ibovespa mostra uma acomodação, à espera de novos catalisadores que o impulsionem, mas sem grande inclinação a uma correção mais aguda, para baixo. No melhor momento do intervalo, o índice retornou aos 139 mil, no fechamento do dia 16.

Nesta quinta-feira, o índice oscilou entre mínima de 135.755,55 pontos e máxima de 137.352,98 pontos, saindo de abertura aos 135.767,29 pontos. No fechamento, mostrava ganho de 0,99%, aos 137.113,89 pontos, com giro financeiro a R$ 22,0 bilhões na sessão. Em junho, segue no zero a zero (+0,06%), preservando alta de 13,99% no ano.

A recuperação quase integral da perda de 1,02% observada na quarta se ancorou no desempenho das blue chips, quase todas em alta nesta quinta-feira, com Vale ON, o principal papel da carteira à frente, com avanço de 3,01% no encerramento. Outro carro-chefe, Petrobras ON e PN, teve alta de 0,74% e 0,80%, pela ordem. Entre os grandes bancos, exceção para a principal ação do segmento, Itaú PN, em baixa de 0,74% - os ganhos do dia entre as principais instituições financeiras chegaram a 1,60%, em Banco do Brasil ON (na máxima do dia no fechamento, assim como Bradesco PN, +0,91%).

Na ponta ganhadora do Ibovespa, Azzas (+5,97%), Natura (+4,97%), Vivara (+4,26%), TIM (+4,03%) e MRV (+3,63%) - o alívio no mercado de juros e o sentimento de maior apetite por tomada de risco impulsionaram ativos mais sensíveis ao ciclo da economia, como os dos setores de consumo e construção. No lado oposto, contudo, também apareceram nomes como Localiza (-7,28%), Vamos (-7,14%), Vibra (-2,26%) e RD Saúde (-1,68%).

"Dia positivo para o apetite por ativos no Brasil, o que inclui queda de 1% no dólar frente ao real abaixo de R$ 5,50 no fechamento. A derrubada do decreto de aumento do IOF - a primeira de um decreto presidencial em décadas - mostra força do Congresso em relação à tentativa de se impor medidas arrecadatórias, no sentido de aumentar impostos para cobrir rombo nas contas públicas", diz Rodrigo Alvarenga, sócio da One Investimentos, acrescentando que vários partidos da base, inclusive os detentores de postos ministeriais, votaram pela supressão do decreto.

Nesta quinta, o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, disse que a equipe econômica tem de duas a três semanas para definir uma solução para a derrubada do decreto que elevava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). O prazo está ligado ao próximo relatório bimestral de avaliação de receitas e despesas, em 22 de julho. "Foram sinalizados alguns caminhos e vamos ver qual deles vai prosperar para que a gente possa seguir em frente, cumprindo o Orçamento e evitando o cenário mais drástico na execução orçamentária", afirmou o secretário.

Após a derrubada do decreto, Ceron afirmou que se o governo não conseguir encontrar fontes de receita, "naturalmente vai ter contenção ainda maior". "A contenção maior vai ter efeitos em políticas públicas; é volume relevante dada a contenção já feita", acrescentou o secretário do Tesouro. A equipe econômica calcula que o impacto da decisão do Congresso sobre o aumento do IOF é de R$ 12 bilhões.

Ainda na quarta-feira, antes de o Legislativo aprovar o projeto que sustou o decreto do IOF, a ministra responsável pela articulação política, Gleisi Hoffmann, disse que havia risco de descumprimento da meta fiscal de 2025, além de maior dificuldade de efetivação da meta de 2026. Gleisi comentou também que os bloqueios e contingenciamentos terão que ser elevados de R$ 31 bilhões para R$ 41 bilhões.

"Temos reforçado, nos nossos calls, que a chance de mudança da meta fiscal de 2026 é elevada. Mesmo com as receitas adicionais do IOF, a revisão de gastos tributários - ainda não enviada pelo Executivo - e a MP 1303, seria preciso contingenciar de R$ 25 bilhões a R$ 30 bilhões no ano que vem", observa em nota o economista-chefe da Warren Investimentos, Felipe Salto. "Sem as receitas novas do IOF e com todas as incertezas em torno das demais medidas, o contingenciamento requerido para cumprir o piso da meta do ano que vem torna-se ainda maior."