O lucro da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae) atingiu R$ 1,02 bilhão no ano passado, um aumento de 125% em relação ao lucro de R$ 453,8 milhões no ano anterior. A margem líquida foi 31,4%, o que aproximou os indicadores de lucratividade da empresa aos obtidos por seus pares setoriais, informou a companhia.

Segundo a Cedae, a melhora do resultado reflete a decisão de privatizar a parte de distribuição da empresa, o que é evidenciado na comparação do exercício de 2022 com o do ano passado, período no qual a curva de bons números foi crescente, com a redução nominal do custo de operação. Em 2022, a Cedae teve um prejuízo de R$ 1,6 bilhão.

"Os gastos da companhia com suas três principais linhas de custos (pessoal, energia elétrica e produtos químicos) caíram, e obtivemos ainda uma considerável diminuição dos valores da conta de provisões. Como resultado, a margem Ebitda em 2024 atingiu 24%, enquanto em 2022 foi de 65,6%. Finalmente, o lucro suplantou a receita financeira", destacou o diretor Administrativo-Financeiro e de Relações com Investidores da Cedae, Antonio Carlos dos Santos.

Segundo ele, no último ano, a atividade fim da empresa foi remunerada, gerando recursos que poderão ser reinvestidos na universalização do saneamento do estado do Rio de Janeiro.

"Nestes últimos dois anos e meio, nossas ações tiveram como diretriz a maior eficiência operacional com vistas à consolidação de uma Cedae superavitária. Ao assumir a diretoria, no final de 2022, elegi como prioridade uma série de medidas para tornar a operação financeiramente sustentável, dentro do novo modelo do setor de saneamento criado após a privatização dos blocos de distribuição", avaliou Santos.

Em 2022, informou, a margem Ebitda era fortemente negativa e o prejuízo era superior a R$ 2 bilhões. "A situação era insustentável e grave", afirmou o executivo. "Partimos para ajustar a estrutura financeira da empresa ao seu novo modelo de negócios, sob pena de vir a necessitar, em alguns anos, de mais capital dos acionistas para suas operações", previu.

Medidas

De acordo com ele, além da adequação às novas exigências do mercado, era urgente a adoção de diversas outras práticas para que a geração de valor da operação de saneamento se refletisse em efetivos resultados financeiros.

"Para isso, foram necessárias medidas financeiras e administrativas. Como o maior rigor no gerenciamento do caixa da companhia. Ter encontrado a empresa com contínua redução de caixa nos deu o alerta. Realizamos então esforços em diversas áreas e desde o ano passado voltamos a ter geração positiva de caixa", adicionou.

Entre as medidas, Santos cita as várias ações para redução dos dispêndios decorrentes de processos judiciais, dos gastos em energia elétrica com a migração para o mercado livre, novos controles e renegociação com fornecedores (principalmente de produtos químicos) e a redução do quadro funcional por meio de um Programa de Demissão Voluntária (PDV) no final do ano passado.

"Neste cinquentenário da companhia, o fortalecimento dos resultados financeiros e a atualização da gestão administrativa serão fundamentais para a nova fase que se inicia. A partir de agora a empresa passa a ter condições de acessar o mercado financeiro e de capitais para buscar parte dos recursos necessários para os elevados investimentos a serem realizados com vistas à universalização do saneamento no estado do Rio de Janeiro", disse o diretor, que também é membro do Conselho de Administração da empresa.