A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) reiterou a sua projeção de crescimento de 2,3% para o Produto Interno Bruto (PIB) da construção neste ano. Apesar do juro alto e das incertezas da economia brasileira, o nível de atividade permanece elevado e deve seguir assim por mais um bom tempo devido ao grande volume de projetos em andamento nos setores de obras residenciais e de infraestrutura.

Se confirmada, a projeção da CBIC vai configurar uma desaceleração no crescimento do PIB setorial em relação a 2024, quando houve alta de 4,3%. Ainda assim, a estimativa é considerada positiva diante das turbulências atuais. "Estamos mantendo a projeção de crescimento de 2,3% para o setor. Esse resultado será muito positivo se obtido", declarou a economista-chefe da CBIC, Ieda Vasconcelos, em apresentação à imprensa.

Vasconcelos disse que a economia sofre com o juro alto, inflação acima da meta e dificuldades no campo fiscal, além de novas incertezas provocadas pela ameaça de taxação pelos Estados Unidos. Por outro lado, destacou que o Produto Interno Bruto (PIB) do País segue crescendo acima do previsto. Outra boa notícia, segundo ela, é a resiliência do emprego, com crescimento dos salários, o que tem ajudado o consumo de modo geral.

O nível de atividade da construção civil, em junho, foi o maior do primeiro semestre de 2025. "Poderia estar melhor, mas ainda está em um patamar elevado", afirmou. Segundo a economista, esse patamar está sendo garantido por todos os empreendimentos residenciais que foram lançados e vendidos nos últimos dois anos e que agora estão sendo convertido em obras. O mesmo acontece com projetos de infraestrutura, especialmente com novos projetos de saneamento, que vêm crescendo bastante.

A economista da CBIC notou, entretanto, que o nível de confiança do empresário da construção e sua expectativa de lançar novos projetos imobiliários vem em queda nos últimos meses. "O empresário está enxergando o cenário atual com mais cautela", disse. A principal preocupação do setor está no juro alto e na escassez de crédito. Caso não haja mudança de rota, isso tende a reduzir o nível de atividade no médio prazo, apontou.

O financiamento à produção com recursos da poupança (que tem juros reduzidos) caiu 62,3% entre janeiro e maio de 2025 na comparação com igual período de 2024. Neste ano, foram 24,1 mil unidades financiadas, contra 65 mil ano passado, até maio. "Isso mostra a dificuldade do construtor em conseguir financiamento. O juro para o construtor está mais alto, igual ao de mercado. A taxa de juros elevada é o principal problema enfrentado pelos empresários".

O presidente da CBIC, Renato Correia, observou que os bancos têm priorizado a concessão de crédito para a pessoa física adquirir o imóvel. Isso tem levado os construtores a buscarem outras opções de crédito, como o mercado de capitais, mas com juro mais alto. Na ponta, isso tem como consequência a elevação do custo de produção e no preço final dos imóveis. "O construtora precisa de capital a um custo mais acessível. Esse é um ponto de atenção", disse.