A curva a termo teve o melhor comportamento entre os ativos domésticos na segunda etapa do pregão desta terça-feira, 29, com redução generalizada nos vértices. As decisões de política monetária do Comitê de Política Monetária (Copom) e do Federal Reserve (Fed), que devem manter os juros amanhã, ficaram em segundo plano, e mais uma vez o mercado deu maior atenção ao iminente tarifaço.

Além do suporte do exterior dado pela queda nos rendimentos dos Treasuries, no ambiente doméstico, prevaleceu a avaliação de que o governo brasileiro está mais empenhado em negociar com o país, o que ajudou a aliviar as taxas. Faltando apenas três dias para a entrada em vigor da alíquota de 50% a produtos brasileiros, a percepção é que o Executivo pode conseguir postergar este prazo ou isentar alguns segmentos da tarifa, conforme fontes não oficiais têm ventilado.

Encerrados os negócios, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2026 passou de 14,927% no ajuste de ontem para 14,910%. O DI de janeiro de 2027 cedeu de 14,215% no ajuste da véspera a 14,155%. O DI de janeiro de 2028 marcou 13,470%, vindo de 13,575% no ajuste anterior, e o DI de janeiro de 2029 diminuiu de 13,531% no ajuste a 13,380%.

Na ponta mais longa da curva, o contrato que vence em janeiro de 2031 fechou em mínima intradia de 13,600%, vindo de 13,785% no ajuste de segunda. O DI do primeiro mês de 2033 caiu de 13,902% ontem no ajuste para 13,720%. Por volta das 14h20, a maio parte das taxas chegou a tocar mínimas intradia a partir dos vencimentos intermediários.

Tiago Hansen, diretor de gestão e economista da Alphawave Capital, destaca que, após dias de tensão no mercado de DIs há uma semana - também em razão da ofensiva comercial americana -, a curva passou por ajustes técnicos hoje, o que explica parte do fechamento dos juros. A curva local ainda acompanhou o movimento externo, num dia em que os títulos do Tesouro americano de 2, 10 e 30 anos operaram em firme baixa, acrescenta Hansen, com a expectativa de que os EUA sele um acordo com a China.

Por aqui, diz Hansen, há muito desencontro de informações e pouco posicionamento oficial sobre em que pé estão as tratativas com Washington. "Mas a água está batendo no pescoço, o governo viu que não tem mais para onde correr e está todo mundo tentando fazer algo", diz. Nesse sentido, aponta o economista, ganham espaço especulações de que o Executivo tenta excluir setores da imposição da tarifa, como o de alimentos e aviação. "O mercado está comprando essa visão, ou de que o governo vai ganhar algum prazo; algo neste sentido".

Hoje, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, negou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o governo está em conversas com os EUA para tentar retirar setores do tarifaço. Segundo fontes afirmaram ao Broadcast Agro, o Planalto considera pedir à administração Trump que os alimentos não sejam sobretaxados, mas a prioridade por ora é tentar ao máximo negociar o possível adiamento da imposição da alíquota geral, ou a derrubada da taxa.

Nesta tarde, o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, disse a jornalistas que a Pasta está dialogando com a Embraer para "lidar com a imposição" da tarifa. Costa Filho informou que atualmente há 1.700 aviões da Embraer no mercado americano, e que o porcentual de 50% aumenta em US$ 9 milhões o custo de operação por aeronave.

Já o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou em entrevista à CNN Brasil nesta tarde que todo o mundo está "pisando em ovos" para saber o que o governo Trump quer, mas que há todas as condições para não tornar a próxima sexta, 1º de agosto - quando as tarifas passariam a valer - um "dia fatídico". "Nós vamos continuar negociando, os canais estão sendo desobstruídos, vagarosamente, mas estão", comentou.