Ibovespa segue a 133 mil pontos, em baixa de 0,21% na sessão; na semana +0,11%

Por Luís Eduardo Leal

O Ibovespa permaneceu na mesma casa dos 133 mil pontos em que havia encerrado a sexta-feira anterior, 18, e também a sessão desta quinta, 24, nesta sexta, 25, aos 133.524,18 pontos, em baixa de 0,21%, oscilando em torno de níveis que não eram vistos desde o começo de maio. Embora discreto em relação à queda de 1,15% na quinta-feira, o ajuste desta sexta-feira praticamente apagou o ganho do Ibovespa na semana, limitado a 0,11%. Embora muito leve, o desempenho positivo sucede duas semanas em que o índice da B3 havia retroagido: -2,06% na anterior e -3,59%, no período entre 7 e 11 de julho.

Hoje, o índice da B3 oscilou dos 133.285,09 até os 134.204,42 pontos, saindo de abertura aos 133.819,95. O giro financeiro ficou limitado a R$ 14,1 bilhões, ainda mais fraco do que o das duas sessões precedentes. No mês, o Ibovespa recua 3,84%, trazendo o ganho acumulado no ano para 11,01%.

Nos Estados Unidos, o governo Trump está preparando uma nova declaração de emergência para justificar as tarifas prometidas para 1º de agosto sobre o Brasil, conforme fontes ouvidas pela Bloomberg. A medida, que ainda não foi finalizada, seria necessária para impor a sobretaxa de 50% indicada por Trump a um país cuja situação é muito diferente de outros que foram atingidos por tarifas recíprocas, relata a agência. Enquanto outras nações alvo têm superávits comerciais de bens com os EUA, o Brasil está com déficit faz muitos anos.

Em outro desdobramento sobre o tarifaço nesta sexta-feira, um grupo de senadores do Partido Democrata enviou carta ao presidente Donald Trump questionando a tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros. Os 11 parlamentares que assinam o documento dizem ter "profunda preocupação com o claro abuso de poder inerente à recente ameaça de iniciar uma guerra comercial com o Brasil".

Por outro lado, em meio a negociações por um acordo comercial entre Estados Unidos e União Europeia, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, informou hoje que se encontrará com Trump, no próximo domingo, 27. "Após uma boa ligação com Trump, concordamos em nos reunir na Escócia no domingo para discutir as relações comerciais transatlânticas e como podemos mantê-las fortes", escreveu von der Leyen, em publicação no X.

No Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reiterou hoje que ninguém pode dizer que ele não esteja negociando com os Estados Unidos uma solução para o impasse do tarifaço - e observou, também, que as grandes empresas de tecnologia americanas precisam respeitar as leis do Brasil. "Fui surpreendido com carta de Trump: pediu três coisas que não podemos aceitar", acrescentou Lula, na direção de que as exigências do presidente americano, inclusive sobre a política doméstica brasileira, não têm como ser atendidas ou mesmo negociadas.

Lá fora, a série de acordos comerciais anunciados pelos Estados Unidos nos últimos dias sugere que uma tarifa de 15% deve substituir o antigo piso de 10% como novo padrão, avalia a Capital Economics. O movimento ocorre às vésperas do "grande reset tarifário" previsto para 1º de agosto, na semana que vem.

Nesse contexto, o mercado se mostra cético quanto à evolução de curto prazo do Índice Bovespa, conforme mostra o Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira. A parcela de agentes que prevê queda do índice na próxima semana saltou de 14,29% na última sexta-feira para 42,86%, hoje. Em sentido oposto, a fatia que projeta alta para a carteira teórica da B3 encolheu de 57,14% para 28,57%. Já o porcentual dos participantes que esperam estabilidade permaneceu em 28,57%.

"Dia foi um tanto de lado para a curva do DI e para a Bolsa, com o dólar se descolando um pouco, em alta mais visível na sessão (+0,76%, a R$ 5,5619 no fechamento). Alguns deputados americanos já levantam a questão de abuso de poder de Trump contra o Brasil, em iniciativa da Casa Branca que tem deixado a questão econômica, da tarifação, em segundo plano", diz Rodrigo Alvarenga, sócio da One Investimentos. "A questão das terras raras, do Brasil, se vier a ser incluída na negociação, pode vir a contribuir também para destravá-la", acrescenta.

Ante a aproximação da data-limite de 1º de agosto, a sessão na B3 foi mais uma vez pautada pela cautela. Ainda assim, entre os principais papéis, alguns nomes conseguiram avançar nesta sexta-feira, moderadamente, como Petrobras (ON +0,46%, PN +0,13%) e Itaú (PN +0,43%), o que contribui para a mitigação de perdas do Ibovespa pelo peso que possuem na composição do índice. Destaque também para Banco do Brasil (ON +0,85%) e Santander (Unit + 0,15%).

Por sua vez, em direção contrária, Vale ON, a principal ação do Ibovespa, caiu hoje 1,47%. Na ponta ganhadora do índice, Vibra (+3,39%), Ultrapar (+2,54%) e Fleury (+2,33%). No lado oposto, Yduqs (-4,69%), Natura (-2,55%) e CSN Mineração (-2,27%).