Região exportou R$ 4,8 bilhões em 2024, mas medidas de Trump já afetam indústrias e causam fechamento de vagas

Um diagnóstico recente da Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina (Facisc) mostrou que o Planalto Norte foi responsável por R$ 4,8 bilhões em exportações em 2024, representando 6,5% do total catarinense. Com 191 empresas exportadoras, a região ocupa a sexta posição no ranking estadual, com destaque para os setores de madeira e móveis, que juntos respondem por mais de 36% das vendas externas.

Dependência do mercado americano

Os Estados Unidos são o principal destino das exportações do Planalto Norte. Em 2024, a região enviou R$ 1,076 bilhão em produtos para o país, sendo 95% do setor de madeira e móveis. O segmento de móveis lidera, com mais de 40% de participação, seguido por madeira em forma (25,2%) e madeira compensada (17,9%).

Essa dependência ficou ainda mais evidente com a aplicação de tarifas adicionais pelos EUA. Atualmente, 99% das exportações de madeira em forma, 60% dos móveis e 44% da madeira compensada da região têm como destino o mercado norte-americano.

Leia mais sobre economia: Mercado financeiro reduz previsão da inflação para 4,85%

Queda nas exportações e risco de perdas bilionárias

O setor de móveis, que emprega cerca de 15 mil pessoas no Planalto Norte, já vinha sofrendo com a redução da demanda nos Estados Unidos entre 2022 e 2023, quando a recessão da construção civil impactou diretamente as vendas. As exportações da região chegaram a registrar perdas superiores a R$ 1 bilhão.

Agora, em 2025, a situação se agravou com o tarifaço do governo Trump. Estimativas apontam que, caso as medidas se mantenham, as indústrias da região podem perder mais de R$ 1 bilhão em produção e cerca de 800 empregos apenas no setor madeireiro.

Desemprego em alta

O Observatório da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) confirmou que o setor de madeira e móveis fechou 581 postos de trabalho em julho, reflexo direto do tarifaço. No mesmo mês de 2024, havia sido registrado saldo positivo de 127 empregos.

Apesar da queda, a indústria catarinense como um todo ainda apresentou saldo positivo de 1 mil vagas em julho, e o estado abriu 2,8 mil postos de trabalho no mês. No acumulado de 2025, Santa Catarina já gerou 83 mil vagas, sendo 43 mil delas no setor industrial.

Apoio às empresas e trabalhadores

Para mitigar os efeitos do tarifaço, a Fiesc lançou o programa desTarifaço, que oferece consultoria gratuita para abertura de novos mercados, apoio na busca por crédito e benefícios governamentais, além de assessoria jurídica e capacitação de trabalhadores em situação de inatividade.

Segundo o presidente da Fiesc, Gilberto Seleme, natural de Caçador, pequenas e médias indústrias são as mais afetadas.
“O impacto não é uniforme. Em alguns casos, mais de 90% do faturamento das empresas está comprometido. É fundamental apoiar essas indústrias e seus trabalhadores para evitar problemas sociais ainda maiores”, afirmou.

Agenda em Washington

Nesta semana, representantes da Fiesc participam de uma missão empresarial organizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em Washington, nos Estados Unidos. O grupo terá encontros com escritórios de advocacia, reuniões na Embaixada do Brasil e diálogos com autoridades americanas nos dias 3 e 4 de setembro.


Tags

  • brasil
  • economia
  • Estados Unidos
  • EUA
  • indústria
  • noticias de canoinhas
  • noticias de santa catarina