A curva de juros futuros teve evolução mais comportada na segunda etapa do pregão de hoje, mas fechou a sessão com alta na parte curta. Tiveram influência sobre as taxas ao longo da segunda declarações mais combativas do governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) sobre o STF ontem. A piora foi contida pelo ambiente internacional favorável, com recuo firme nos rendimentos dos Treasuries pela terceira sessão seguida.
Encerrados os negócios, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 aumentou de 13,929% no ajuste anterior para 13,945%. O DI para janeiro de 2028 ficou em 13,255%, de 13,238% no ajuste. O DI para janeiro de 2029 marcou 13,190%, estável ante o ajuste de sexta-feira, e o DI para janeiro de 2031 fechou o dia em 13,485%, vindo de 13,511% no ajuste antecedente.
Até por volta de 15h, a tendência era de ligeira ascensão em todos os principais vértices da curva, quando as taxas passaram a zerar os aumentos e rondar os ajustes anteriores. Na primeira etapa do pregão, a apreensão após o endurecimento do discurso do governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos), que atacou o presidente do STF Alexandre de Moraes em manifestação neste domingo, impôs alguma pressão às taxas.
"Iniciamos a semana com foco redobrado no cenário político. O tom elevado de Tarcísio durante as comemorações do 7 de Setembro gerou desconforto institucional e pode dificultar negociações em torno de uma chapa mais ampla para as eleições presidenciais de 2026", afirmou Luis Felipe Laudisio dos Santos, co-gestor da Warren, em comentário a clientes. Por volta das 16h30, foi divulgada pesquisa do instituto CNT/MDA que mostrou o presidente Lula bem à frente de Tarcísio em eventual primeiro turno com os dois candidatos, com 35,8% das intenções de voto, ante 17,1% do potencial adversário. Os DIs seguiram rondando estabilidade após os dados.
Já nos EUA, as taxas dos Treasuries renovaram quedas ainda em seguida aos números ruins do mercado de trabalho americano em agosto, que endossaram as apostas de corte de juros pelo Fed em setembro. Na visão de Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, a curva doméstica passou a acompanhar a redução no rendimento dos títulos públicos americanos, mas o mercado também pode ter operado de olho em números locais, com vistas a um IPCA mais fraco. O indicador oficial de inflação de agosto será conhecido nesta quarta, e deve vir negativo.
Publicado hoje pela FGV, o IGP-DI deixou deflação de 0,07% em julho e subiu 0,20% no mês passado. O indicador subiu praticamente metade do previsto (0,38%) pela mediana de instituições ouvidas pelo Projeções Broadcast. "O IGP-DI tem uma amostragem mais parecida com a do IPCA e ficou abaixo do consenso", disse Borsoi.
Para Flávio Serrano, economista-chefe do banco BMG, as oscilações no mercado de juros hoje foram bastante tímidas, e sem um claro condutor para as operações. "O mercado está meio de lado. Foi mais uma acomodação após um dia de ajustes fortes na última sexta-feira."
Também hoje, o boletim Focus apontou melhora marginal nas expectativas inflacionárias, acrescenta Serrano. A projeção para a alta do IPCA em 2025 ficou parada em 4,85%, a estimativa para 2026 cedeu 0,01 ponto, a 4,30%, e o consenso para 2027 diminuiu em igual magnitude, a 3,93%. Para 2028, a previsão caiu de 3,80% a 3,70%. A convergência das expectativas à meta, de 3%, vem sendo repetidamente citada nas comunicações recentes do BC como um ponto de incômodo no balanço de riscos.
"Mesmo com a queda na projeção para 2028, ainda assim as previsões ainda estão bem desancoradas em relação à meta. Há questões no cenário local que talvez justifiquem maior cautela por parte do Banco Central", diz o economista-chefe do BMG.
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