O presidente do Federal Reserve (Fed o banco central norte-americano) de Minneapolis, Neel Kashkari, disse que o Banco Central dos Estados Unidos não está conivente com uma inflação de 3% e que é preciso explicar detalhadamente os motivos que respaldam o corte da taxa básica de juros à luz do contexto de preços ainda pressionados no país. "Não estamos OK com inflação de 3%", disse o dirigente, em entrevista ao programa Squawk Box, da CNBC, nesta sexta-feira, 19.

E acrescentou: "Precisamos explicar porque estamos cortando juros diante da inflação elevada."

"Estou confiante que traremos inflação de volta a 2%", afirmou o membro do Fed, citando que tem uma maior confiança na visão de que as tarifas impostas pelo governo do presidente dos EUA, Donald Trump, terão efeito pontual.

O dirigente também citou sinais de que salários estão em uma trajetória de baixa nos EUA e disse que considera uma expectativa de que a inflação associada à moradia vai se desacelerar.

A fala ocorre após o fim do período de silêncio ao qual os dirigentes do BC norte-americano ficam submetidos durante os dias que circundam a decisão de política monetária. Na última quarta-feira, o Fed reduziu a taxa de juros dos EUA em 0,25 ponto porcentual.

O dirigente repetiu que concordou com o corte de juros do banco central dos EUA desta semana e reiterou que mais duas reduções do mesmo tamanho até o fim do ano seriam "apropriadas", diante dos riscos para o mercado de trabalho norte-americano.

Independência

O presidente do Federal Reserve de Minneapolis também disse que está confiante que há apoio das duas alas do Congresso dos Estados Unidos à independência do Banco Central. "Em conversas no Congresso, há apreço disseminado sobre independência do Fed", comentou.

Para ele, a independência do Fed é vista como crucial para manter as expectativas de inflação e na defesa do dólar. "Independência do Fed é importante para defender o dólar", afirmou.

Taxa neutra

Kashkari afirmou que acredita que a taxa neutra de juros está subindo nos EUA. "Não sei quantos mais cortes teremos que fazer para levar juros a nível mais neutro."

O dirigente disse ainda que há uma dinâmica própria do mercado hipotecário que pode fazer com que cortes da taxa de juros no curto prazo acabem não tendo efeito sobre as taxas hipotecárias, que são de longo prazo. "É possível que cortemos os juros ao longo de seis meses ou ano e que isso pode, por fim, não levar muito para baixo as taxas hipotecárias", disse.

Ele ainda comentou sobre a aparente dissonância entre os mercados financeiros, acionário e de títulos, que mostram uma relativa exuberância com o sinal de desaceleração do mercado de trabalho nos EUA. Mesmo com a desaceleração do mercado de trabalho, o dirigente disse que não há uma condição ruim

"Não temos um mercado de trabalho ruim, mas merece atenção especial", afirmou o membro do Fed.

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