O Ibovespa fez uma relativa pausa após ter conquistado, no dia anterior, novos recordes tanto no intradia como no fechamento. Nesta quarta-feira, 24, sem catalisadores de peso para os negócios, o índice da B3 oscilou em margem muito estreita, de pouco menos de 400 pontos entre a mínima (146.129,80) e a máxima (146.520,72) da sessão, em que saiu de abertura aos 146.428,73 pontos. Moderado, o giro ficou em R$ 18,4 bilhões nesta quarta-feira. Na semana, o Ibovespa acumula leve ganho de 0,43%, colocando o avanço do mês a 3,58% e o do ano a 21,79%.

Ao fim, conseguiu empurrar o nível de fechamento a novo recorde, marginalmente mais alto (+0,05%), a 146.491,75 pontos, sustentando o nível inédito dos 146 mil pelo segundo fechamento consecutivo.

Em dia moderadamente negativo para as ações dos maiores bancos, à exceção de BTG (Unit +0,04%), o desempenho das principais empresas de commodities, em especial Petrobras (ON +2,55%, PN +2,26%), foi decisivo para que o Ibovespa não tivesse um ajuste maior no piores momentos, em dia de recuperação, pela segunda sessão, das cotações do petróleo - nesta quarta em alta acima de 2% que reaproximou o Brent do limiar de US$ 70 por barril. A ação de maior peso no Ibovespa, Vale ON, também fechou no campo positivo, com leve avanço de 0,38% nesta quarta-feira.

Na ponta ganhadora do Ibovespa, Cosan (+5,68%), Braskem (+5,12%) e Minerva (+2,35%), ao lado dos papéis de Petrobras. No campo oposto, Raízen (-5,98%), Natura (-2,61%) e CVC (-2,42%).

"Cosan teve um dia de recuperação após a ação ter apanhado demais com o anúncio de aporte do BTG e da Perfin na empresa, que estava muito alavancada. Houve percepção de que o acionista minoritário saiu prejudicado com a diluição, o que levou o mercado a bater demais, ante a percepção de que a estratégia de desalavancagem também não estava dando muito certo, com a venda de muitos ativos para recuperar fluxo de caixa", diz Ian Lopes, economista da Valor Investimentos. "Hoje veio reação mais favorável, com percepção melhor sobre o fluxo de caixa no curto prazo, apesar da alavancagem operacional ainda alta", acrescenta.

No quadro mais amplo, "com agenda muito fraca na sessão, o Ibovespa operou lateralizado, sem força para subir, mas também pouco inclinado a uma correção aguda que o tirasse dos 146 mil pontos nível em que havia fechado ontem de forma inédita", observa Guilherme Petris, operador de renda variável da Manchester Investimentos.

Ele acrescenta que, em três oportunidades na sessão desta quarta, o Ibovespa ficou perto de ceder a linha dos 146 mil pontos, mas resistiu a entregar o nível. E que o índice de ações de menor capitalização de mercado, as chamadas small caps - um segmento considerado mais volátil -, também operou com pouca variação ao longo do dia - o que corrobora a resiliência dos papéis na B3 um dia após novos recordes, renovados de forma praticamente sucessiva desde o dia 11.

Neste intervalo curto, de dez sessões, houve apenas três ajustes de baixa, todos leves ou moderados - portanto, sete máximas de fechamento desde o dia 11 de setembro. Em Nova York, como na terça, a quarta-feira foi negativa para os principais índices de ações: no fechamento, Dow Jones recuou 0,37%, o S&P 500 caiu 0,28% e Nasdaq, -0,33%.

"Jerome Powell, presidente do banco central dos Estados Unidos (Fed), reforçou ontem que as próximas decisões sobre juros vão depender dos dados da economia. E evitou dar qualquer sinal sobre novos cortes após o Fed ter iniciado, na semana passada, o ciclo de afrouxamento monetário, conforme esperado, com uma redução de 25 pontos-base na taxa de referência. Essa postura mais cautelosa do Fed faz o mercado repensar as apostas para os juros americanos", diz Luise Coutinho, head de produtos e alocação da HCI Advisors.

"O dia na B3 foi mais de ressaca, com enfraquecimento também de giro. Sem novidades na sessão, o mercado se mantém à espera de novos dados econômicos e dos desdobramentos em torno da aguardada conversa da semana que vem entre os presidentes Trump e Lula sobre o tarifaço dos EUA ao Brasil, diz Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos.

"Outro ponto que ajudou a estabilizar o humor dos investidores foi a notícia de novos estímulos da China. O governo chinês anunciou apoio de quase US$ 7 bilhões a um fundo voltado a tecnologias emergentes. Diferente das medidas anteriores, que priorizavam o consumo, a iniciativa sinaliza um foco maior em inovação, trazendo um viés distinto para a expectativa em torno da economia chinesa", aponta Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos.