O déficit acumulado em 12 meses nas transações correntes superou os ingressos líquidos de Investimento Direto no País (IDP) pelo sétimo mês consecutivo em agosto, segundo dados divulgados nesta sexta-feira, 26, pelo Banco Central. É a inversão mais longa na relação entre os indicadores do balanço de pagamentos desde os 35 meses de janeiro de 2013 a novembro de 2015.

Em agosto, o déficit em transações correntes atingiu US$ 76,235 bilhões no acumulado de 12 meses, ou 3,51% do Produto Interno Bruto (PIB).

O IDP, enquanto isso, ficou em US$ 69,033 bilhões, o equivalente a 3,18% do PIB.

O indicador de investimentos está abaixo do déficit desde fevereiro, quando atingiu 3,64% do PIB em 12 meses - contra um rombo de 3,68% do PIB na conta corrente.

No Relatório de Política Monetária (RPM) publicado na quinta-feira, 25, o BC revisou a sua projeção para o déficit em transações correntes do Brasil em 2024, de US$ 58 bilhões para US$ 70 bilhões.

A estimativa para o IDP foi mantida em US$ 70 bilhões, indicando que os investimentos devem ser apenas suficientes para financiar o rombo nas transações correntes.

Em entrevista coletiva para comentar o documento, o diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, destacou que a autoridade monetária vem a qualificação das contas externas - de um cenário benigno para um menos benigno -, por causa do déficit maior. No entanto, ele minimizou a inversão entre déficit em transações correntes e IDP.

"As pessoas gostam de comparar as transações correntes com o investimento direto, e nem somos tão fãs disso, mas colocamos aqui na apresentação. As equipes técnicas, na verdade, odeiam a comparação", disse Guillen.