Reflorestamento e setor madeireiro no Planalto Norte: oportunidades e desafios
Atividade tradicional da região, o setor florestal combina geração de empregos e renda com a necessidade de práticas mais sustentáveis
O Planalto Norte de Santa Catarina tem no setor florestal um de seus principais motores econômicos. Municípios como Canoinhas, Major Vieira e Três Barras se destacam historicamente pela produção de madeira, atividade que impulsionou a industrialização regional ao longo do século XX.
Com o avanço do reflorestamento de pinus e eucalipto, a região passou a ter maior segurança no fornecimento de matéria-prima, mas hoje o setor enfrenta novos desafios, que vão desde questões ambientais até a modernização da cadeia produtiva.
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A tradição florestal do Planalto Norte
No passado, a base da economia florestal da região foi a extração de araucárias nativas, prática que reduziu significativamente a cobertura original desse bioma. Para suprir a demanda e evitar a dependência da mata nativa, políticas de incentivo ao reflorestamento estimularam, a partir da segunda metade do século XX, a expansão de áreas de pinus e eucalipto.
Esse movimento permitiu consolidar o Planalto Norte como referência no setor madeireiro, abastecendo serrarias, indústrias moveleiras e fábricas de papel e celulose.
Oportunidades do setor
O setor florestal continua sendo fonte de empregos diretos e indiretos e fortalece cadeias produtivas ligadas ao transporte e à logística. O reflorestamento também traz vantagens importantes:
Fornecimento estável de madeira, com ciclos produtivos programados;
Potencial exportador, especialmente em papel, celulose e madeira processada;
Atração de investimentos, já que a região é reconhecida pelo volume de produção;
Estímulo à inovação, com pesquisas em manejo e uso sustentável.
Além disso, cresce a procura por certificações ambientais (como o selo FSC), que ampliam a competitividade no mercado nacional e internacional.
Desafios ambientais e sociais
Apesar das oportunidades, o setor enfrenta desafios que exigem atenção:
Monoculturas de pinus e eucalipto, que podem reduzir a biodiversidade e alterar o solo;
Disputa por terras, já que o reflorestamento compete com áreas destinadas à agricultura e pecuária;
Dependência econômica, pois municípios muito ligados à madeira sofrem em períodos de baixa do mercado;
Baixa tecnologia em pequenas indústrias, que limita a competitividade frente a grandes players.
A busca por equilíbrio entre produção, conservação ambiental e diversificação econômica é essencial para o futuro do setor.
Sustentabilidade como diferencial
A adoção de práticas de manejo sustentável vem se tornando diferencial competitivo. Isso inclui o cumprimento das normas ambientais, a preservação de áreas de mata nativa e o uso de tecnologias que aumentem a eficiência do aproveitamento da madeira.
Parcerias entre empresas, cooperativas agrícolas e instituições de ensino como a Universidade do Contestado (UnC) e o Instituto Federal Catarinense (IFC) têm contribuído com pesquisas e projetos voltados para inovação no manejo florestal e recuperação de áreas degradadas.
Perspectivas para o futuro
O setor florestal no Planalto Norte tem potencial para continuar sendo protagonista, desde que invista em:
Tecnologia e inovação industrial;
Capacitação da mão de obra local;
Diversificação de mercados e exportação;
Sustentabilidade como requisito central da produção.
Essas medidas podem consolidar a região como uma das mais importantes do setor florestal em Santa Catarina, garantindo equilíbrio entre economia e meio ambiente.
O reflorestamento e o setor madeireiro no Planalto Norte representam a união entre tradição e modernização. A atividade gera emprego e renda, mas depende cada vez mais de práticas sustentáveis e de inovação para se manter competitiva.
O futuro do segmento está em equilibrar a força econômica da madeira com a preservação ambiental e a valorização das comunidades locais, garantindo desenvolvimento contínuo e sustentável para a região.