Em uma sessão morna para os ativos domésticos em geral, marcada por discreta queda do dólar, alta tímida da Bolsa e liquidez reduzida, os juros futuros praticamente andaram de lado por toda a extensão da curva no pregão desta sexta-feira, 07. O sinal positivo observado na primeira etapa dos negócios foi invertido em todos os vértices ao longo da tarde, mas sem vetores evidentes. Agentes avaliam que o movimento, comedido, refletiu ajustes técnicos.

Após a mensagem reiterada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central na reunião desta quarta-feira, 05, de que não tem pressa em diminuir a Selic, o mercado está pouco propenso a reforçar apostas na queda dos DIs curtos, ao mesmo tempo em que aguarda a ata da decisão para ter mais pistas sobre a avaliação do comitê. O documento será divulgado na próxima semana.

Sem maiores catalisadores no dia e com os rendimentos dos Treasuries igualmente sem grandes movimentações, as taxas futuras oscilaram muito pouco durante o último pregão da semana. Encerrados os negócios, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 passou de 13,875% no ajuste de quinta-feira para mínima intradia de 13,860%. O DI para janeiro de 2029 saiu de 13,088% no ajuste anterior a 13,055%. O DI para janeiro de 2031 marcou 13,370%, vindo de 13,398% no ajuste antecedente.

Gestor de portfólio da Azimut Brasil Wealth Management, Marcelo Bacelar afirma que o Copom foi mais duro do que uma ala do mercado previa em seu comunicado, o que seguiu repercutindo sobre os DIs mais curtos na sessão desta sexta, na ausência de gatilhos mais relevantes. "Alguns agentes esperavam que o BC de alguma forma abriria possibilidade de cortar a Selic em janeiro, mas com este comunicado, isso ficou mais difícil na margem", avalia.

O tom mais conservador do Copom, de acordo com Bacelar, acaba por afetar também a dinâmica do "miolo" da curva - os vértices de janeiro de 2028, 2029 e 2030, que ficam mais rígidos. "Quanto mais parado o Copom ficar, mais a curva perde a inclinação, porque o corte da Selic pode ser maior", diz. Os receios do mercado sobre o ano de 2026, que, por ser de eleições, deve ser marcado por mais estímulos à economia, também justificam a cautela e a baixa volatilidade dos DIs nos últimos meses, acrescentou.

No cômputo semanal, apesar do recado considerado duro do Copom, a curva de juros futuros não se deslocou, mantendo o atual perfil de inclinação nos vértices mais líquidos, observa a equipe econômica do Santander. Considerando nível de fechamento da última sexta-feira, o DI para o primeiro mês de 2027 subiu apenas 1,5 ponto-base. As taxas projetadas para janeiro de 2029 e 2031 também praticamente não se mexeram.

"Em nossa visão, o tom do comunicado do Copom foi neutro/hawkish em relação ao consenso", afirmam os economistas do Santander em relatório divulgado nesta sexta, em que analisam o balanço dos principais mercados domésticos na semana. A curva de juros, destaca o banco, ainda precifica Selic a 12,5% no final de 2026, com afrouxamento a partir do primeiro trimestre do próximo ano.

Para Bacelar, da Azimut, embora o mercado local de renda fixa careça de catalisadores no curto prazo, o quadro de letargia deve mudar em breve. "Depois de um mês, um mês e meio de mercado morno, estaremos mais perto de um corte da Selic, das eleições de 2026, além da mudança no quadro de diretores do BC em dezembro", comentou. No último mês do ano, terminam os mandatos do diretor de Política Econômica, Diogo Guillen, e do diretor de Organização, Renato Gomes.