O Ibovespa abriu o pregão desta terça-feira, 18, em baixa, em sintonia com a desvalorização dos índices de ações internacionais. A queda ocorre apesar da alta do minério de ferro, na China. Os mercados no exterior operam cautelosos em meio a crescentes temores de uma bolha em ações de inteligência artificial (IA), ampliados pelos sinais divergentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) sobre cortes de juros nos Estados Unidos na decisão de dezembro, principalmente.
Por isso, investidores aguardam o balanço da Nvidia, amanhã, e a divulgação de dados represados após a paralisação do governo dos EUA. O principal deles é o payroll sobre o mercado de trabalho norte-americano, na quinta-feira, quando os mercados brasileiros estarão fechados devido ao feriado da Consciência Negra.
Em meio à agenda esvaziada no Brasil e no exterior, o noticiário corporativo concentra as atenções, sobretudo em meio à liquidação extrajudicial do Banco Master pelo Banco Central e a prisão do seu dono, Daniel Vorcaro, pela Polícia Federal. A operação da PF deflagrada nesta terça-feira para apurar crimes da gestão do Master resultou também no afastamento do cargo do presidente do BRB, Paulo Henrique Costa.
O processo acontece menos de um dia depois de o Grupo Fictor ter indicado o interesse em comprar a instituição. Segundo pessoas que acompanham o tema de perto, a liquidação acaba com a possibilidade de o acordo avançar.
O Master se junta a nomes que tiveram destino semelhante no passado, como o Bamerindus, Banco Santos, Cruzeiro do Sul e BVA, em processos que se arrastaram por anos. Com ativos de R$ 87 bilhões e passivos de R$ 83 bilhões, segundo dados de março do BC, é uma das maiores intervenções bancárias da história do sistema financeiro brasileiro.
As operações da PF e anúncio de liquidação do banco pelo BC ocorrem no mesmo dia em que o presidente da autoridade monetária, Gabriel Galípolo, e a maioria dos diretores participam da 63ª reunião do Comitê de Estabilidade Financeira (Comef), dividida em duas etapas: às 9h30 e às 14h.
Nesta manhã, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que para o Banco Central ter liquidado extrajudicialmente o Banco Master, o processo contra a instituição financeira deve ser robusto. Ele não quis fazer mais comentários por ser um assunto do BC, mas declarou que a Fazenda dará suporte às consequências se houver.
A notícia deve ser monitorada pelos agentes, diz Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença, pontuando que a decisão do BC quanto ao Banco Master não surpreende, pois muitos players já haviam se precavido em relação à situação. "O Ibovespa pode operar mais alinhado ao exterior, em meio a preocupações com IA e dúvidas quanto a novas quedas de juros nos Estados Unidos", diz.
Há incertezas sobre quanto será usado do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), em meio à liquidação do Master. "Acho que será muito ruim para o FGC - deve consumir cerca de metade do fundo, mas não vai gerar pânico a ponto de haver uma corrida para resgate de CDBs", avalia Bruno Takeo, estrategista da Potenza Capital.
Entre as commodities, o petróleo opera perto da estabilidade e o minério de ferro avançou 1,41% hoje em Dalian, na China.
Ontem, Ibovespa fechou em baixa de 0,47%, aos 156.992,93 pontos.
Às 10h39, o Índice Bovespa caía 0,36%, aos 156.433,70 pontos, ante máxima de abertura em 156.990,43 pontos. Na mínima, marcou 155.833,67 pontos (-0,74%).
De 82 ações, oito subiam, com destaque para Marcopolo (5,41%). A empresa anunciou que pagará R$ 169,789 milhões na forma de dividendos intermediários, a R$ 0,69 por ação.
Entre as quedas, ações de primeira linha tinham recuos de 0,60% (Vale); -0,23% (Petrobras ON); -1,60% (BB), 0,88% (Bradesco PN); -0,50% (Itaú Unibanco PN); -0,06% (Unit de Santander). Já Petrobras PN ia para o positivo (0,065).
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