A inflação no Japão dificilmente ganhará velocidade em ritmo perigoso, disse o presidente do Banco do Japão (BoJ), Kazuo Ueda, sinalizando que o ciclo de alta de juros deve ser gradual. "No momento, não vemos um risco muito elevado de a inflação, especialmente a inflação subjacente, acelerar", afirmou em evento do Financial Times. Ele ponderou que isso pode mudar se a inflação de alimentos ou a fraqueza do iene persistirem mais que o previsto. "Estamos observando essa possibilidade de perto e, se isso acontecer, teremos de ajustar a política de acordo", disse.

As declarações vêm enquanto o mercado aposta na retomada do aperto monetário ainda este mês. Na semana passada, Ueda afirmou que o BoJ discutiria os prós e contras de elevar os juros na reunião de 18 e 19 de dezembro, comentário que sacudiu os mercados e intensificou apostas em uma alta. A volatilidade nos títulos reflete esse movimento: o juro dos bônus de 10 anos atingiu 1,97%, o maior nível em mais de 18 anos.

A ida de Sanae Takaichi ao governo levantou dúvidas sobre a trajetória dos juros, já que a premiê defende política mais frouxa. Mesmo assim, economistas dizem que a alta é inevitável. "Apesar de sua preferência por uma política acomodatícia, Takaichi terá de aceitar a próxima alta para conter as pressões de enfraquecimento do iene", afirmou Shigero Nagai, economista da Oxford Economics e ex-dirigente do BoJ.

Após bater 157,90 por dólar no fim de novembro, o iene se recuperou parcialmente, apoiado por expectativas de corte de juros nos EUA, mas segue fraco. "Takaichi e seus assessores econômicos estão, sem dúvida, mais cautelosos quanto a uma alta de juros, mas também temem que uma política excessivamente dovish piore a fraqueza do iene", disse Nagai.

Embora a economia tenha encolhido 2,3% no terceiro trimestre, Ueda disse esperar retomada no fim do ano e afirmou que a dinâmica de preços e salários segue forte o suficiente para sustentar inflação e renda.

*Com informações da Dow Jones Newswires