Ibovespa avançca cerca de 34% em 2025, melhor ano desde 2016 para a Bolsa

Por Luís Eduardo Leal

Aos 161 mil pontos no fechamento desta última sessão de 2025, o Ibovespa acumulou ganho de 33,95% no intervalo, no que foi seu melhor desempenho desde 2016, então em alta de 38,9%. Hoje, o índice da B3 operou em alta desde a abertura, chegando quase à casa de 1% no melhor momento, aos 162.075,04 pontos, mas se acomodou em patamar um pouco mais discreto ainda pela manhã. Ao fim, marcava avanço de 0,40% na sessão, aos 161.125,37 pontos, com giro a R$ 16,8 bilhões nesta terça-feira, 30. Em dezembro, o Ibovespa subiu 1,29%, o quinto ganho mensal consecutivo.

No terceiro trimestre, o Ibovespa tinha mostrado alta de 5,31%, após avanços de 6,18% no trimestre precedente e de 8,29% no agregado entre janeiro e março de 2025. Agora, no último trimestre de 2025, marcado por uma série de renovações de recordes, especialmente na longa sequência histórica na virada de outubro para novembro, o Ibovespa acumulou um ganho nominal de 10,18%, no que foi seu melhor desempenho desde o quarto trimestre de 2023, quando o Ibovespa havia subido 15,11%.

O desempenho positivo entre outubro e dezembro de 2025 marca também uma grande reversão ante o que foi visto no fechamento do ano passado. No último trimestre de 2024, a variação negativa do índice foi de 8,74%, superando a queda de 7,59% vista em outro período ruim para a Bolsa brasileira, o quarto trimestre de 2014, quando se efetivou a reeleição da então presidente Dilma Rousseff. Em intervalo que costuma ser favorecido pelos ralis de fim de ano, o Ibovespa teve, entre outubro e dezembro de 2024, seu pior desempenho para o último trimestre desde a crise global de 2008.

O ano de 2024 foi marcado por piora considerável dos fundamentos domésticos, em especial na condução da política fiscal, e por incertezas externas quanto ao início do segundo mandato de Donald Trump nos Estados Unidos: uma ofensiva comercial protecionista que se materializaria a partir de abril e que veria novo capítulo em julho, com a combinação entre tarifaço e tentativa de ingerência política em assuntos internos do Brasil. De lá para cá, houve uma clara distensão, com reversão de medidas, e entusiasmo em torno da queda de juros nos EUA e da expectativa de que o mesmo venha a ocorrer, em breve, também por aqui.

Assim, com a melhora observada na Bolsa, em dólar o Ibovespa chega ao fim de dezembro de 2025 a 29.354,16 pontos. No começo do último trimestre, no fechamento de outubro, no então nível inédito de 149,5 mil pontos, o Ibovespa, em dólar, estava em 27.793,98 pontos. Com o índice da B3 ainda em renovação de patamar histórico, no fim de novembro, chegou na moeda americana a um nível próximo de 30 mil pontos, a 29.817,82, refletindo também a queda de quase 1% (-0,85%) do dólar no mês passado, então a R$ 5,3348 e agora em nível mais alto, a R$ 5,4890.

Mesmo no nível de 29 mil pontos, o Ibovespa ainda está longe do topo registrado em julho de 2008. Naquela época, convertido para a moeda americana, quase encostou nos 45 mil pontos, com o dólar girando então em torno de R$ 2,20. Para que o Ibovespa atinja valores similares em dólares, precisaria se aproximar dos 240 mil em termos nominais - algo ainda fora do horizonte próximo, mesmo quando se consideram as previsões otimistas para 2026, que o situam em até 200 mil pontos.

Em termos nominais, para o Ibovespa, o ano de 2025 foi marcado pelo índice ter começado praticamente na mínima do ano e por terminar próximo a sua máxima histórica, observa em relatório de análise técnica o Itaú BBA. O banco considera que o índice da B3 mantém a expectativa de que venha a buscar as resistências em 163.100 e 165.000 pontos - nível correspondente à mais recente máxima histórica intradia. "A tendência para o ano de 2026 segue para cima e consistente até este momento", acrescenta o Itaú BBA.

À exceção de Petrobras, que acumulou perdas de 9,50% na ON e de 5,58% na PN no intervalo, o ano foi positivo para os principais carros-chefes da Bolsa, como Vale (ON +47,91%) e, entre os bancos, para Itaú (PN +59,54%) e Bradesco (ON +64,73%, PN +74,07%). Em 2024, Petrobras havia subido com a ON (+21,26%) e a PN (+17,96%), em contraponto a ajuste negativo em Vale (ON -23,32%) e também nas principais instituições financeiras, setor em que os destaques negativos haviam sido, então, Bradesco (ON -26,57%, PN -28,86%) e Santander Brasil (Unit -22,64%).

Na ponta ganhadora do Ibovespa nesta última sessão de 2025, destaque para Natura (+3,04%), Pão de Açúcar (+2,98%) e C&A (+2,57%). No lado oposto, Localiza (-4,19%), Embraer (-1,45%) e TIM (-1,39%). "Os dados de emprego animaram o índice", diz Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença, referindo-se à taxa de desemprego, na mínima histórica.

Pela manhã, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que, nos três meses até novembro, a taxa de desemprego no Brasil foi a 5,2%, abaixo da mediana das projeções de mercado, em leitura que reforça a percepção de atividade ainda aquecida e melhora da renda, apesar do nível de endividamento das famílias. Por outro lado, a reduzida taxa de desemprego sugere que o Banco Central tende a persistir com a cautela em relação à Selic, reforçando a avaliação de mercado de que os juros de referência devem permanecer em 15% ao ano, em janeiro.

À tarde, a forte leitura do IBGE sobre o emprego no Brasil foi corroborada pelos dados do Caged, o relatório oficial do governo sobre a geração de vagas: 85.864 novos empregos formais em novembro, acima da mediana da pesquisa Projeções Broadcast, que apontava saldo de 79.120 novas vagas no penúltimo mês do ano.

Em outro destaque da agenda, a Polícia Federal (PF) ouviu, nesta tarde, os depoimentos do dono do Banco Master, Daniel Vorcaro, do ex-presidente do BRB Paulo Henrique Costa, e do diretor de Fiscalização do Banco Central (BC), Ailton de Aquino Santos. Os três compareceram presencialmente à sala de audiências do Supremo Tribunal Federal (STF) e as oitivas começaram por volta das 14h. O Supremo não divulgou a ordem dos depoimentos. Vorcaro foi o primeiro a chegar e nenhum dos três falou com a imprensa, reporta de Brasília a jornalista Lavínia Kaucz, do Broadcast.

A delegada responsável pelo caso, Janaína Palazzo, ouviria cada um dos três individualmente. Em seguida, se a delegada considerasse necessário, poderia ser realizada uma acareação para esclarecer contradições. No procedimento, os três ficariam frente a frente para um confronto entre versões. Os depoimentos são acompanhados por um juiz auxiliar do gabinete do ministro do STF Dias Toffoli e por um membro do Ministério Público.