Importantes para agricultura, turismo e lazer, os rios do Planalto Norte enfrentam o desafio da estiagem e da gestão sustentável da água.

Os rios do Planalto Norte de Santa Catarina são muito mais do que simples cursos d’água. Eles abastecem comunidades, irrigam lavouras, sustentam a pecuária, movimentam pequenas usinas e ainda garantem atrativos turísticos. No entanto, a escassez hídrica cada vez mais frequente coloca em risco esse patrimônio natural e exige planejamento conjunto entre agricultores, autoridades e a sociedade.

O Rio Canoinhas, que nasce em Monte Castelo e deságua no Rio Negro entre Canoinhas e Três Barras, é um dos principais da região. Outro destaque é o Rio Negro, que marca a divisa entre Santa Catarina e Paraná, separando as cidades de Mafra e Rio Negro. Ambos têm importância estratégica para o abastecimento humano e para a economia regional.

Abastecimento, agricultura e turismo dependem dos rios

As águas do Planalto Norte cumprem funções essenciais:

Abastecimento humano e uso doméstico;

Irrigação agrícola e dessedentação animal, especialmente em lavouras de milho, soja e fumo;

Energia, com pequenas centrais hidrelétricas, como a CGH São Lourenço, em Mafra;

Turismo e lazer, com pesca esportiva, trilhas e atividades ligadas à natureza.

Sem a manutenção da qualidade e da quantidade de água, todos esses setores ficam ameaçados.

Estiagens recorrentes

Boletins da Epagri/Ciram registram que, nos últimos anos, Santa Catarina tem enfrentado estiagens mais frequentes e intensas. No Planalto Norte, os efeitos são sentidos de forma clara: agricultores relatam perdas de até 30% em lavouras durante os períodos mais críticos de seca.

Além da agricultura, comunidades rurais sofrem com poços secando e reservatórios em níveis muito baixos. O impacto também se estende à pecuária leiteira, tradicional na região, que depende de pastagens irrigadas para manter a produção.

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Quando a chuva vira problema

Se a falta de chuva preocupa, o excesso também traz dificuldades. Precipitações concentradas em poucas horas provocam erosão do solo, alagam lavouras e danificam estradas rurais, dificultando o escoamento da produção. A alternância entre estiagem prolongada e chuvas intensas é cada vez mais comum, segundo relatórios da Defesa Civil, e pressiona agricultores a buscar novas estratégias de manejo.

Consequências no turismo e no lazer

O turismo rural, que vem crescendo no Planalto Norte, também sente os reflexos. Cachoeiras e corredeiras perdem volume nos períodos de estiagem, reduzindo a atratividade de roteiros ligados ao ecoturismo. Pescadores relatam queda na oferta de peixes em trechos de rios com níveis baixos, prejudicando tanto o lazer quanto a atividade econômica local.

Gestão hídrica como saída

O Plano de Recursos Hídricos do Rio Canoinhas e Afluentes do Rio Negro, coordenado pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente, estabelece metas para preservar a quantidade e a qualidade da água, priorizando o abastecimento humano e a dessedentação animal. Entre as ações propostas estão a proteção de matas ciliares, a ampliação de reservatórios e o uso racional da irrigação.

De acordo com a Defesa Civil de SC
, o Planalto Norte é uma das regiões mais vulneráveis a longos períodos de baixa vazão. Isso reforça a necessidade de políticas públicas integradas e de maior engajamento dos municípios e produtores rurais.

Um patrimônio que precisa ser cuidado

Os rios do Planalto Norte sustentam a vida, a economia e a cultura da região. Preservá-los significa proteger o futuro das lavouras, a segurança hídrica das cidades e a atratividade turística. Em um cenário de mudanças climáticas, cuidar da água não é apenas uma recomendação: é uma urgência.

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