Canoinhas: Terra da Erva-Mate e da cultura do agronegócio
O nome Canoinhas guarda em si uma história rica de significados. De origem hispano-indígena, "Canoges Mirim" — que quer dizer “canoas pequenas” — teria sido uma referência ao rio que cortava o território. Ao longo do tempo, a denominação evoluiu para Canoinhas, nome que prevaleceu e batizou não apenas o rio, mas também o povoado e, futuramente, o município.
O povo indígena Xokleng, primeiros habitantes dessas terras, encontrou-se em confronto direto com os colonizadores brancos. Coletores e caçadores seminômades, os Xokleng foram forçados a ceder espaço ao avanço da ocupação. Essa dolorosa transição é parte essencial da história de Canoinhas e deve ser lembrada com respeito e consciência histórica.
Foi em 1888 que o agricultor Francisco de Paula Pereira, vindo de São Bento do Sul, fixou-se às margens do rio Canoinhas, perto da foz do rio Água Verde. Considerado o fundador do município, ele deu origem ao povoado que viria a se chamar Santa Cruz de Canoinhas. A ele se juntaram outras famílias pioneiras, como os Marcondes, os Camargo e os Vaz, que lançaram as bases para o futuro urbano da região.
A economia de Canoinhas encontrou na **erva-mate** sua primeira grande fonte de riqueza. Conhecida como o “ouro verde”, a planta nativa das matas da região sustentou famílias, fomentou o comércio e colocou o município no mapa econômico do sul do Brasil. A exploração extrativista da erva-mate deu origem a uma cultura identitária que se mantém viva até os dias atuais, seja no chimarrão compartilhado em rodas de conversa, seja nas plantações que ainda colorem o campo.
A erva-mate não foi apenas um produto de exportação, mas um elemento cultural. Seu cultivo moldou os costumes, gerou empregos e fortaleceu os laços comunitários. Canoinhas se firmou como um dos mais importantes polos produtores de erva-mate do país e, por muito tempo, teve sua economia girando em torno dessa riqueza vegetal.
Em paralelo à expansão ervateira, Canoinhas viveu momentos de tensão durante a **Guerra do Contestado** (1912–1916). O município foi diretamente atingido, com ataques dos revoltosos à vila e povoados em 1914 e 1915. O conflito, de cunho social, político e religioso, marcou profundamente a história da região, deixando cicatrizes, mas também lições de resistência e resiliência.
Após o período conturbado da guerra, Canoinhas entrou em uma fase de desenvolvimento notável. A madeira, outro recurso natural abundante, passou a dividir com a erva-mate o protagonismo econômico. Entre serrarias e carretas de toras, o município viu crescer sua infraestrutura e fortalecer suas bases econômicas.
Com o passar das décadas e a decadência da economia ervateira nos anos 1930, Canoinhas reinventou-se. Hoje, além de preservar a tradição da erva-mate — que ressurge com força nos mercados especializados — o município se destaca por seu **potencial agrícola**, especialmente na **fomicultura**, a fruticultura com foco em maçã, pêssego, ameixa e outras frutas de clima temperado.
O setor agrícola canoinhense representa uma nova esperança verde para o município. A diversificação produtiva garante segurança alimentar, movimenta a economia local e atrai investimentos. Canoinhas também investe em tecnologias sustentáveis, práticas agroecológicas e na capacitação de seus agricultores, sinalizando um futuro promissor.
Culturalmente diversa, Canoinhas é terra de caboclos, descendentes de portugueses e espanhóis, mas também de imigrantes poloneses, ucranianos, alemães, sírio-libaneses e italianos. Essa **multiplicidade étnica** moldou um povo acolhedor, trabalhador e orgulhoso de sua história.
Em 1923, em plena ascensão econômica, o município chegou a se chamar **Ouro Verde**, numa justa homenagem à erva-mate. No entanto, divergências políticas e religiosas locais devolveram ao município, em 1930, o nome de Canoinhas, como era conhecido desde seus primórdios. A história, assim, fez-se circular, como o ciclo da própria erva, que brota, cresce e retorna com vigor.
Hoje, Canoinhas é símbolo de tradição e inovação. Entre cuia e colheita, entre história e futuro, o município reafirma sua identidade e vocação agrícola. Neste aniversário, homenagear Canoinhas é reconhecer sua força histórica, celebrar sua cultura verde e vislumbrar, com esperança, os frutos que ainda estão por vir.
**Parabéns, Canoinhas! Terra de gente forte, de solo fértil e de raízes que jamais se perdem no tempo.**
Fonte: Redação/IA