Nosso Povo, Nossa História do dia 17 de junho de 2022, falou sobre a trajetória do morador de Canoinhas, que dedicou três décadas de sua vida à coletoria, além de ter sido vereador
Pai, amigo, trabalhador, ex-vereador de Canoinhas. O Nosso Povo, Nossa História desta edição conta um pouco sobre a trajetória profissional e a vida de Adilson Fontana, que há poucos meses de completar 80 anos de idade esbanja vitalidade e lucidez.
Para contextualizar sobre a vida de Adilson, vale remontar ao período da chegada da família Fontana ao Brasil, e os fatos que levaram a família a se instalar na região de Canoinhas. “A família Fontana que veio da Itália é uma só. A maioria foi para o Rio Grande do Sul, outros ficaram em São Paulo, e o único que se instalou em Curitiba, foi o meu avô João Fontana. Inclusive, anteriormente, na Itália, o nome dele era Giovanni Fontana, mas quando chegou no Brasil e foi fazer os documentos, foi mudado para João Fontana”, conta Adilson. Em Curitiba, a família Fontana abriu uma empresa que trabalhava na fabricação de cadeira de palha, trole e torrificação de café. “Quando ele veio para o Brasil, eu acredito que meu avô tinha aproximadamente cinco anos, porque veio junto o meu bisavô Antônio Fontana, minha bisavó Antônia, e os outros filhos”, completa.
MUDANÇA PARA TRÊS BARRAS
Já no início do século passado, João Fontana se mudou para o município de Três Barras, quando passou a desenvolver outras atividades profissionais. “Quando a Lumber se instalou Três Barras, meu avô veio para a região e virou a gente bancário, na Vila Argentina, quando Três Barras ainda pertencia à Canoinhas. Ele também ele fez um cinema mudo, que não era o mesmo da Lumber, e nesse cinema mudo, quem tocava piano para ter um pouco de música era minha tia Helena, que casou-se com Generoso Proman, que era o chefe da empilhadeira da Lumber e foi vereador em Canoinhas”, conta Adilson Fontana.
João Fontana faleceu com 48 anos de câncer, deixando dois filhos e oito filhas. Entre os filhos, estava Derby Fontana, pai de Adilson, que também trabalhou na Lumber: “Meu pai trabalhou no almoxarifado da Lumber, depois colocou um armazém no município de Três Barras, próximo de onde hoje fica a prefeitura municipal”, comenta. Depois de alguns anos, Derby comprou uma loja que até então pertencia à Agenor Fabio Gomes, que ficava localizada onde hoje existe o prédio Annemaria. Nessa época, Derby ia de trem para São Paulo para buscar mercadorias. “Depois meu pai colocou uma olaria onde hoje fica o distrito do São Cristóvão, em Três Barras, que na época chamávamos de ‘Charqueada’. Quando meu pai fechou a olaria, ele abriu em parceria com o irmão dele uma serraria”, lembra Adilson.
ADILSON FONTANA
O protagonista do Nosso Povo, Nossa História desta edição, tem sua trajetória diretamente ligada à história da região, tanto no aspecto profissional, como no pessoal e político. Cresceu, estudou e construiu sua família entre as cidade de Canoinhas e Três Barras. “Eu estudei no Colégio Sagrado Coração de Jesus, quando nós ainda morávamos na Charqueada, e eu vinha a pé desde lá até o colégio pela estrada velha, passava por uma ponte que ficava ao lado do Procopiak e era coberta de madeira. Isso por volta de 1957 ou 1958. Na época desmancharam aquela ponte e construíram uma ponte nova, que é aquela que existe até hoje que liga Canoinhas à Três Barras”, lembra Adilson, que quando saiu do Colégio Sagrado Coração de Jesus, foi fazer o ginásio no Colégio Santa Cruz, tendo estudado ainda no prédio de madeira.
Quando terminou o Ginásio, Adilson Fontana foi para o exército, em 1961, permanecendo por um ano, e quando retornou do exército, iniciou sua trajetória profissional. “Meu pai conversou com o senhor Basílio Humenhuk, e ele me deu um emprego na sua loja que vendia Aero Willys, Rural Willys, Jeep Willys, e eu trabalhei ali por uns três ou quatro meses, mas nesse período, o meu tio, irmão da minha mãe, Sezinando Andrade se elegeu prefeito em Três Barras, e um dia ele me convidou para ir com ele para Florianópolis, e lá, nós tivemos uma janta onde eu conheci o Governador Celso Ramos. Meu tio conversou com o governador para ver se arrumava alguma coisa no Estado para mim e ele então mandou conversar com o responsável sobre uma vaga na coletoria de Três Barras para ser escrivão, e aí eu passei a ser o escrivão da coletoria de Três Barras em 1962. Já 1963, o seu Tarcísio Scheffer, que conseguiu uma vaga para eu ser o escrivão da coletoria de Canoinhas, onde eu fiquei até 1966”, lembra.
Após esse período, Adilson passou para a carreira de coletor, e foi trabalhar na coletoria de Lauro Muller. “Era lá no Sul do Estado, para baixo da Serra do Rio do Rastro, no tempo que a serra ainda não era asfaltada. Eu tinha uma Rural Willys, e para descer a serra naquela época tinha que manobrar para fazer as curvas”, recorda. Depois de Lauro Muller, ele foi transferido para Benedito Novo, permanecendo lá um ano, e depois, retornou à Três Barras, ficando por sete anos como coletor. “Em Três Barras nós tínhamos um inspetor de coletoria, que era o Danilo Cunha, e ele conseguiu para mim ser o coletor em Canoinhas, então e eu fiquei 14 anos como como coletor em Canoinhas, mas antes de eu me aposentar eu fiz um curso para Fiscal da Fazenda, e depois passei no concurso para auditor fiscal da receita estadual”, comenta.
Como coletor, Adilson atuava no recolhimento do Imposto Territorial Rural, venda de selo para sela de duplicata, cobrava os impostos de ICMS, entre outra atividades.
CARREIRA POLÍTICA
Na década de 80, Adilson Fontana ingressou na política, quando foi eleito vereador em Canoinhas. “Em 1982 eu fui candidato a vereador na chapa com o senhor Alfredo de Oliveira Garcindo, que ajudou a me eleger. Naquela ocasião fui o segundo mais votado. Nosso mandato foi prorrogado por mais dois anos, então eu fiquei por seis anos como vereador em de Canoinhas, de 1983 até 1988. Entre meus colegas de câmara, eu lembro que estavam Edmundo Bittencourt, Modesto Zaniolo, Chico França, Valdemir de Andrade, João Andrade, Guido Henning, Moisés Damaso da Silveira, Pedrinho Alves Vieira, Jucélia Miller, Alinor Pereira, Ville Ratke, e depois assumir um tempo o Burguinha”, conta Adilson, lembrando de uma indicação sua que foi acatada pela prefeitura de Canoinhas, “naquela época eu era oposição ao então prefeito João José Klempous, ele era do MDB e eu era do PDS, mas eu indiquei e ele fez os muros de arrimo do Arroio Monjolo”, lembra.
Adilson Fontana teve apenas um mandato como vereador, pois logo ao final daquela legislatura foi embora de Canoinhas. “Eu não dei procedimento a minha carreira na política porque quando me aposentei, em 1990, eu fui embora para Joinville. Fiquei dez anos morando lá, mas no ano de 2000 retornei para cá quando comprei a casa que pertencia a Elsa, da Casa da Carne e moro até hoje”, finaliza.
VIDA PESSOAL
Em 30 de novembro de 1963, Adilson Fontana se casou, e hoje, se aproxima da comemoração de 59 anos de casados. “A minha esposa é aqui de Canoinhas, filha de Eurico Paul e Dinorá Wendt Paul. O nome dela é Luiza Maria Paul Fontana. Com ela eu tive quatro filhos: Maria Cristina Fontana Seleme, Josiane Fontana, Adilson José Fontana e a mais nova Fabíola Fontana. Ainda tenho sete netos e cinco bisnetos”, conta.
Ao ser questionado sobre o segredo para um casamento que se aproxima de seis décadas, Adilson explica que: “para um casamento durar tanto tempo, o maior segredo é a compreensão, amor, carinho, afeto, e cada um pode saber aguentar as coisas do casamento, pois sempre tem uma richa, mas tudo deve ser enfrentado com carinho e amor, inclusive, agora, para o Dia dos Namorados, eu comprei um presente para ela”, conclui Adilson Fontana.
Publicado originalmente no Jornal Correio do Norte do dia 17 de junho de 2022.
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