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HÁ 60 ANOS registrando histórias

Correio do Norte completa na terça-feira, 29, seis décadas em circulação

No final da tarde do dia 29 de maio de 1947, um sábado, três respeitáveis senhores descansavam os braços na murada do Edifício Gomes, na rua Vidal Ramos, em Canoinhas. Impacientes, eles perscrutavam o povo que passava pela via, trazendo debaixo do braço a edição número 1 do que viria a se tornar o mais duradouro jornal da história da cidade. Nascia naquele dia o Correio do Norte. Os três senhores eram o diretor do CN, Silvio Mayer, o redator Guilherme Varela e o gerente Agenor Gomes.

Do seu gabinete na Assembléia Legislativa em Florianópolis, o deputado estadual Aroldo Carneiro de Carvalho, o grande idealizador do CN, não estava menos nervoso com a repercussão do jornal. Mal sabiam que o jornal teria uma vida que venceria as suas.

Nascido dentro do diretório da UDN, o CN teve forte influência do presidente do diretório municipal do partido, Benedito Terézio de Carvalho Junior.

Os membros da redação, aliás, eram todos udenistas. A própria sede do jornal funcionava na mesma sede da UDN.

A princípio, o CN foi uma resposta política ao Barriga Verde, que até então reinava soberano na imprensa escrita canoinhense defendendo os ideais peesedistas. Os ataques entre redatores de ambos os jornais são antológicos. Na edição de 50 anos do CN, o historiador Fernando Tokarski lembra que a troca de acusações entre o redator do CN Guilherme Varela e o redator do BV, Albino Budant, eram duras. Os argumentos, no entanto, nem sempre compatíveis com a verdade. ?Porém, depois de concluídas as páginas dos dois jornais, Varela e Budant reuniam-se nos bares da moda para traguear os assuntos visitados nas manchetes da semana?, conta Tokarski.

Em depoimento a edição de 44 anos do CN, em 1991, Silvio Mayer lembrou o sistema tipográfico no qual era impresso o jornal. Cada letra, para ser impressa, precisava ser manuseada. Como a impressão era feita na mesma gráfica do BV, a Tipografia do Witt, dava oportunidade ao BV responder as críticas impressas um dia antes no CN.

 

TESTEMUNHO DA HISTÓRIA

Analisando as mais de 40 mil páginas editadas ao longo de seis décadas, é possível detectar, muito além da briga política, que dominou as primeiras décadas do CN, o acompanhamento fiel do crescimento de Canoinhas, com rápidas pinceladas em cidades da região.

As primeiras edições demonstravam o quão interiorana era a cidade. Nota de 5 de junho de 1947, alerta os leitores para uma tesoura perdida ? ?Perdeu-se uma tesourinha marca Singer no trajeto da residência do Dr. Orestes Procopiak a do sr. Dito Terézio. Quem encontrou, favor entregar na casa do sr. Dito?. E assim foram perdidos e solicitadas via jornal, alianças, canetas, chaveiros, chaves e canivetes. Canoinhas era pequena, todos sabiam onde morava seu Dito, não havendo necessidade de publicar seu endereço.

O provincianismo era tamanho que notas como ?Esteve nesta redação o ilustre médico sr. Fernando Osvaldo de Oliveira, que nos pediu alertar a população sobre o dano que causa a gripe, aconselhando aos que se sentirem gripados procurarem o médico ou o Centro de Saúde?, eram comuns.

Paralelo a notas paroquiais, no entanto, o CN participou de lutas históricas, mantendo posição crítica contra o extinto Estado Novo de Getúlio Vargas (1937-1945), demonstrando simpatia pelo regime militar (1964), talvez inconsciente dos atos de barbárie que eram mais explícitos em grandes centros ou simplesmente por questão de autodefesa.

O CN teve papel importante também no despertar das mulheres canoinhenses. O surgimento de colunistas mulheres como Ivanita Shivinski e Gecy Dittrich, foi considerada uma novidade numa imprensa essencialmente masculinizada.

Uma característica interessante do CN é o engajamento em causas populares como a insistente luta do empresariado pela energia elétrica e a construção do Ginásio de Esportes Santa Cruz, além da luta ingrata do frei Elzeário Schmidt, que todas as semanas escrevia artigos incentivando o uso da Biblioteca Infantil de Canoinhas (BIC) pelos estudantes. Grandes empreendimentos como o Colégio Comercial, a Funploc, embrião da UnC, tiveram destaque nas páginas do CN, além das fundações das cidades de Três Barras, Major Vieira, Irineópolis, Papanduva e Bela Vista do Toldo, cidades nas quais o jornal circula.

 

Gente que fez o CN

A equipe precursora do CN foi alterada em 1951 com a contratação de Ithass Seleme, para gerenciar o jornal. Alfredo de Oliveira Garcindo era responsável pela redação, embora não apareça seu nome no expediente. Em 1955, uma reforma administrativa no CN, trouxe para a diretoria do jornal, Carlos Schramm e Osvaldo Soares, enquanto que Aroldo se afastava para cuidar de suas pretensões políticas.

Em 1956, Garcindo deixa de ser somente redator e passa ao cargo de diretor do CN ao lado de Schramm. Em 1958, Schramm deixa o jornal e João Seleme assume, ao lado de Garcindo, a diretoria.

Em 1962, Aroldo volta a assumir a direção do CN, ao lado de João Seleme. Ithass Seleme continua na gerência do jornal e a redação passa a ser responsabilidade de Alfredo Alberto Munhoz.

Em 1963, dois novos diretores estréiam no CN: Paulo Jacques, ao lado de Rubens Ribeiro da Silva.

Rubens inicia assim, uma longa parceria com o CN, que duraria 14 anos.

Em 1975, Glauco Bueno estréia no CN, como gerente comercial. Rubens cuidava, sozinho, da direção do jornal. Em 1977, Glauco deixa a parte comercial para cuidar da redação do CN, ao lado de Pedro Grisa.

Em 1978, Lucio Colombo, que até hoje escreve no CN, estréia como redator do jornal, e Glauco Bueno passa ao posto de diretor do jornal. Esse é o ano que marca o desligamento de Aroldo do jornal, depois de 31 anos administrando o CN. Divair Zaniolo de Carvalho, viúva de Aroldo, que faleceria em 1981, assume o jornal.

Os anos 1980 foram de grande importância para o crescimento do CN. Houve mudança de layout, de linha editorial e de funcionários. Em 1981, Myrian Eduarda de Miranda era editora do jornal e Lucio Colombo era repórter. Em 1984, o historiador Fernando Tokarski assume a direção do jornal.

Em 1985, Edevardes Sartori, jornalista provisionado, estréia como responsável pelo CN. Fernando Tokarski assume o departamento comercial do jornal.

Em 1986, Roberto Amorin assume a diretoria do jornal.

Em 1989, Alcyr Petters, assume a redação do CN. Nucio Pires dirige o jornal e Ângelo Schulka assume o departamento comercial.

Em 1990, Humberto Schwabe, assume a edição do jornal. Donaldo Fleith cuida da parte administrativa do CN e Siegward Beulke assume a montagem e revisão.

Em 1992, Ângelo Schulka assume a direção do jornal. Porfili Cristina Terpan cuida da parte administrativa e Sartori continua assinando o jornal como redator.

Em 1995, Luis Fernando Freitas e Hilton Ritzmann compram o jornal e contratam Glauco Bueno para assumir a direção do CN ao lado de Sartori, que continua responsável pela redação.

Em 1997, Rosi Danker Beulke arrenda o CN de Freitas e Ritzmann, e Sigward Beulke volta à direção do jornal. O professor Carlos de Oliveira assume a redação e Osnilda Beulke assume o cargo de editora.

  Por um período de menos de um ano, o CN circula duas vezes por semana, às quartas e sábados.

No início de 1998, o CN, pela primeira vez em 51 anos, fecha suas portas para reabrir em novembro de 1999, pelas mãos da família Freitas.

Fabiano Freitas assume a direção do jornal. A jornalista Bianca Neppel assume a redação e Abenur Gomes da Silva assume o departamento comercial.

O CN entra no novo milênio pouco semelhante às primeiras edições do jornal. Pelo menos no quesito visual. Com páginas coloridas, impresso na gráfica O Estado do Paraná, em Curitiba, e linha editorial definida, o CN conquista o leitor pela seriedade e isenção.

Em 2001, a família Freitas vende o jornal para a família Pangratz. Márcia Bedretchuk e Neno Pangratz assumem a direção do jornal. Bianca continua na redação. Em 2001, João Francisco da Silva assume a redação do jornal, ao lado de Bianca.

Em 2002, o jornalista Rodrigo Mello assume a redação.

Em 2003, Carmen Regina Pangratz assume a direção do jornal e Thiago Dias, a redação.

No mesmo ano, o jornalista Ricardo Portelinha assume a redação do jornal.

Desde abril de 2004, o jornalista Edinei Wassoaski é editor do Correio do Norte.

 

Há 60 anos

Eleito no ano interior, o Brasil é governado pelo general Eurico Gaspar Dutra, que procurou aumentar a produção nacional e tentou resolver a situação econômica brasileira ainda agitada pelos desalinhos da 2.ª Guerra Mundial, que havia acabado dois anos antes. A elevação do custo de vida, no entanto, assumia proporções inimagináveis.

Foi também em 1947 que a Justiça Eleitoral declarou a ilegalidade do Partido Comunista Brasileiro. As relações diplomáticas entre Brasil e União Soviética são cortadas. Harry Truman, presidente estadunidense, visita o Brasil.

Em 1.º de setembro é realizada a Conferência Interamericana para a manutenção da paz e a segurança do continente.

Foi o ano da criação do Tio Patinhas e da câmera Polaroid e em que a Assembléia Geral das Nações Unidas votou a divisão da Palestina entre árabes e judeus.
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