O futuro das cidades catarinenses depende de gestão estratégica, integração de planos e participação da sociedade

O planejamento de longo prazo para os municípios em SC é um conjunto de estratégias que busca projetar o desenvolvimento das cidades para horizontes de 10, 15 ou até 20 anos. Diferente das ações imediatistas, ele integra políticas públicas de áreas como saúde, educação, mobilidade urbana, habitação, meio ambiente e desenvolvimento econômico.

Em Santa Catarina, essa prática é essencial diante da diversidade regional: enquanto municípios como Joinville e Itajaí enfrentam desafios ligados à industrialização e logística, cidades do Oeste, como Chapecó, concentram esforços no agronegócio, e os municípios da Serra buscam fortalecer o turismo e conter o êxodo rural.

Situação atual em Santa Catarina

Um levantamento do Tribunal de Contas do Estado (TCE/SC) revelou que apenas 114 dos 295 municípios catarinenses estão com o Plano Diretor regularizado. Outros 97 precisam revisar seus planos, enquanto 31 ainda não possuem esse instrumento básico de ordenamento urbano. Esse dado mostra que quase metade das cidades catarinenses carece de planejamento adequado para orientar seu crescimento.

Além disso, a Secretaria de Estado da Assistência Social estabeleceu que todos os municípios devem apresentar, até dezembro de 2025, seus Planos Municipais de Assistência Social 2026–2029, incluindo metas de curto, médio e longo prazos. Esse movimento pressiona prefeituras a estruturarem seus processos de gestão de forma mais consistente.

A importância da integração entre planos

Pesquisas da UDESC indicam que um dos maiores gargalos do planejamento municipal é a falta de integração entre instrumentos como o Plano Diretor (vigência de 10 anos), o Plano Plurianual (PPA, de 4 anos) e o Planejamento Estratégico Municipal (PEM, horizonte de 15 a 20 anos).

Sem essa articulação, corre-se o risco de cada gestão interromper iniciativas anteriores, desperdiçando recursos públicos. Quando há integração, o município consegue alinhar metas de curto prazo a uma visão de futuro, garantindo continuidade administrativa.

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Exemplos de boas práticas

Um caso recente vem de Içara, no Sul catarinense. O município apresentou o Plano Estratégico 2025–2029, estruturado em eixos como mobilidade urbana, agricultura familiar, inovação, saneamento e combate ao êxodo rural. A proposta não se limita à atual gestão: ela estabelece diretrizes que podem ser seguidas e atualizadas ao longo da próxima década.

Outros municípios também têm avançado:

Itajaí fortalece seu planejamento portuário e logístico, projetando crescimento econômico atrelado à infraestrutura.

Chapecó aposta em políticas de incentivo ao agronegócio e à indústria alimentícia, pilares da economia do Oeste.

Blumenau e Joinville desenvolvem planos voltados à inovação e à economia criativa, alinhados ao perfil produtivo local.

Desafios enfrentados pelos municípios catarinenses

Apesar de avanços, o planejamento de longo prazo em SC enfrenta entraves significativos:

Descontinuidade política: cada mudança de gestão pode significar abandono de projetos estratégicos.

Carência de recursos técnicos e financeiros: municípios menores dependem de repasses estaduais e federais.

Participação limitada da sociedade civil: em muitos casos, a população não é envolvida nos debates que definem o futuro da cidade.

Perspectivas para o futuro

Para que o planejamento de longo prazo em SC seja efetivo, especialistas defendem:

Adoção de Planos Estratégicos Municipais com horizonte de 15–20 anos.

Integração entre PDM, PPA e PEM para garantir coerência administrativa.

Participação popular nas audiências públicas, fortalecendo a legitimidade das decisões.

Apoio de órgãos estaduais, como a SEPLAN, e de instituições financeiras, como o Badesc, que podem financiar projetos estruturantes.

Com esses mecanismos, os municípios catarinenses têm condições de alinhar suas políticas ao potencial de cada região, fortalecendo tanto a competitividade econômica quanto a qualidade de vida da população.

O planejamento de longo prazo para os municípios em SC é mais do que um exercício burocrático: trata-se de um compromisso com o futuro das cidades e de seus cidadãos. Quando bem estruturado, garante crescimento ordenado, justiça social e sustentabilidade.

Num estado com forte diversidade regional e vocação econômica múltipla, pensar a longo prazo é o caminho para transformar potencial em desenvolvimento real.

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